Osteotomia de Maquet III: O que ficou após as Complicações Iniciais: Resultados a longo prazo

A complexidade de forças geradas a nível da articulação patelo-femoral foi ilustrada por Maquet (1963). Este propôs uma cirurgia (avanço da tuberosidade anterior da tíbia) em que diminuía a força resultante a nível patelo-femoral e femoro-tibial. Mal amada pelas complicações (2 a 59%), acabou por ser abandonada. Este trabalho pretende avaliar os resultados funcionais e radiológicos a longo prazo de modo a determinar se a cirurgia cumpriu ou não os objectivos a que se propunha. Dos 25 casos de Maquet avaliados, um foi excluído por ter sido submetido a Artroplastia Total do Joelho (20 anos após Maquet). A queixa predominante pré-operatória foi de dor anterior do joelho com crepitação dolorosa e sensação de instabilidade patelar (52,1%). Como complicações, 2 (8,7%) casos de deiscência da sutura, 1 (4,3%) de tromboflebite e 1 (4,3%) de infecção. A amplitude articular foi retomada após 4,8 ±3,5 meses. Dez doentes (40%) não têm dor na actualidade. Dos restantes o período médio de ausência de dor foi de 20,5 ±5,7 anos. A EVA em repouso foi de 1,7 ±0,7, em actividade de 4,4 ±3,0 e o KPFSS de 61,9 ±22,3 pontos. Radiológicamente, o ABP foi de 6,3±3,9º e o ICD de 0,9 ±0,1. 42% apresentavam um grau II de Kellgren e Lawrence a nível femoro-patelar e 45,8% a nível femoro-tibial, à data actual. Apesar de retrospectivo o trabalho permite determinar, com um tempo médio de follow-up pós-operatório de 27 anos, uma ausência douradora das queixas álgicas acompanhada por uma lenta evolução artrósica ao nível do joelho, cumprindo-se assim os objectivos a que se propunha