Estrutura da assembléia de peixes da lagoa Mangueira (RS – Brasil)

Dissertação (mestrado)-Universidade Federal do Rio Grande, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Instituto de Ciências Biológicas, 2008.A Lagoa Mangueira está localizada no extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul. A porção norte da lagoa está inserida na Estação Ecológica do Taim (ESEC Taim), uma unidade de conservação federal que abrange uma área de cerca de 315 km2. A partir de dados no âmbito do programa PELD (Pesquisas Ecológicas de Longa Duração), este estudo apresenta uma lista de espécies e os padrões de distribuição e dominância da assembléia de peixes da Lagoa Mangueira em diferentes unidades de hábitat (zonas litoral, profunda e pelágica). As amostras foram obtidas no norte, centro e sul da lagoa, entre os anos de 2001 e 2007, com periodicidade e esforço variado, utilizando-se de diversos amostradores (rede de emalhe, tarrafa, rede de arrasto de praia, puçá e rede de arrasto de fundo). A análise dos padrões de dominância foi baseada nas freqüências de ocorrência e nos percentuais numéricos das espécies, considerando-se como dominantes aquelas que foram abundantes e freqüentes em cada zona. Um total de 52 espécies foram identificadas, 46 na zona litoral, 33 na pelágica e 26 na profunda, distribuídas em 17 famílias, das quais, Characidae, Cichlidae, Loricariidae e Atherinopsidae foram as mais diversas. As espécies dominantes somaram 91,1%, 92,9% e 82,7% dos indivíduos capturados nas zonas litoral, profunda e pelágica respectivamente. A zona litoral é constituída de pequenos peixes, quase 70% entre 25 e 50 mm de comprimento total. A análise dos padrões de dominância mostrou que na zona litoral 19,5% das espécies foram dominantes (9), embora quatro dessas (Cyanocharax alburnus, Platanichthys platana, Odontesthes mirinensis, Astyanax eigenmanniorum) também predominem nas demais zonas. As margens dos pontos norte e sul de amostragem mostraram padrões de composição e dominância de espécies pouco similares, sendo que a profundidade foi o principal fator na explicabilidade destes resultados. Na zona profunda, 7,6% das espécies capturadas foram dominantes (2) (C. albunus e P. platana) com tamanhos semelhantes aos da zona litoral, contudo para as demais espécies os tamanhos se assemelham aos da zona pelágica. A zona pelágica é constituída de peixes de maior porte, tais como os grandes caracídeos (Oligosarcus jenynsii, Astyanax fasciatus e A. eigenmanniorum) o birú (Cyphocharax voga) e os peixes-rei (Odontesthes mirinensis, O. perugiae, O. bonariensis e O. humensis). Observou-se uma maior diferença na composição de espécies entre as zonas litoral e pelágica, com as espécies Jenynsia multidentata, Bryconamericus iheringii, Hyphessobrycon luetkenii e Gymnogeophagus gymnogenys dominando exclusivamente no litoral, e as espécies O. jenynsii, C. voga, O. perugiae e A. fasciatus dominando exclusivamente a zona pelágica. De forma geral, tanto nas amostragens de praia quanto nas de meia água, os peixes capturados no ponto sul apresentaram tamanhos menores