Respostas hormonais e metabólicas de ratos submetidos ao estresse crônico com acesso à comfort food

Stress can alter feeding behavior, hormonal and metabolic parameters, including the preference for diets rich in fat and sugar, called comfort food. It has been suggested that this type of food attenuates the endocrin e stress response. In this study we investigated the effects of chronic unpredictable and mild stress (CUMS) on feeding behavior, hormonal and metabolic parameters in rats with access to comfort food. Food intake, serum corticosterone, insulin, leptin, ghrelin, triglyceride (TG), low and high density lipoprotein (LDL and HDL, respectively), fat deposits , percentage of body fat and subcutaneous protein were analyzed. Adult male Wistar rats (245-345 g) were distributed into four groups, according with the diet and the experimental protocol: rats that had access to commercial chow (CC) only, submitted to CUMS or not (CC-CUMS group and CC-control group, respectively); and rats that had access to commercial chow and to comfort food (CF) submitted to CUMS or not (CC/CF-CUMS group and CC/CF-control group, respectively). Rats submitted to CUMS decreased the intake of commercial chow. Stress did not change the preference for comfort food, but reduced the intake of comfort food. These changes in feeding behavior promoted changes in the total caloric intake. The rats submitted to CUMS ate less calories than the control rats, in contrast, the rats fed with comfort food increased the caloric intake and reduced it when submitted to CUMS. During the experimental protocol, rats gained body mass, but this was only influenced by stress. The CUMS increased the serum concentrations of corticosterone and this increase were attenuated by the consumption of comfort food. The stress also increased the serum concentrations of ghrelin and decreased the HDL. The intake of comfort food increased the serum concentrations of leptin, glucose, LDL and TG. The rats submitted to CUMS fed with comfort food reduced the concentrations of insulin and increased the concentrations of ghrelin. The stress decreased the weight of the retroperitoneal and visceral adipose tissues and the percentage of subcutaneous fat, in contrast, the consumption of palatable diet increased the mass of these deposits and the percentage of subcutaneous fat. The percentage of carcass protein was not altered neither by stress or diet. Our results suggest that the CUMS protocol had an anoretic and lipolytic effects. When the comfort food was offered, the intake of this type of food was able to attenuate the main endocrine component of stress response. However, the preference for comfort food diet triggered glucose and lipid metabolism disorders, as well as a condition of hyperleptinemia.O estresse pode alterar o comportamento alimentar, os parâmetros hormonais e metabólicos, incluindo a preferência por dietas ricas em gordura e açúcar, denominadas comfort food. Tem sido sugerido que a ingestão deste tipo de alimento atenua a resposta endócrina ao estresse. Neste trabalho investigamos os efeitos do estresse crônico brando imprevisível (ECBI) sobre o comportamento alimentar, parâmetros hormonais e metabólicos de ratos com acesso à comfort food. Ingestão alimentar, concentrações séricas de corticosterona, insulina, leptina, grelina, triacilgliceróis (TG), lipoproteína de baixa e alta densidade (LDL e HDL, respectivamente), massa dos depósitos de gordura, percentual de gordura subcutânea e de proteína corporal foram analisados. Ratos Wistar adultos (245-345 g) foram distribuídos em 4 grupos, de acordo com a dieta e o protocolo experimental: ratos que tiveram acesso à ração comercial (RC) somente, submetidos ao ECBI ou não (grupo RC-ECBI e grupo RC-controle, respectivamente); e ratos que tiveram acesso à ração comercial e à comfort food (CF) submetidos ao ECBI ou não (grupo RC/CF-ECBI e grupo RC/CF-controle, respectivamente). Os ratos submetidos ao ECBI diminuíram a ingestão de ração comercial. O estresse não alterou a preferência por comfort food, mas reduziu a ingestão de comfort food. Estas alterações no comportamento alimentar promoveram alterações na ingestão calórica total. Os ratos submetidos ao ECBI ingeriram menos calorias do que os ratos controle, em contraste, os ratos alimentados com comfort food aumentaram a ingestão calórica e quando submetidos ao ECBI reduziram. Durante o protocolo experimental os ratos ganharam massa corporal, mas esta foi influenciada somente pelo estresse. O ECBI aumentou as concentrações séricas de corticosterona e este aumento foi atenuado pelo consumo de comfort food. O estresse também aumentou as concentrações séricas de grelina e diminuiu as de lipoproteína de alta densidade (HDL), e a ingestão de comfort food aumentou as concentrações de leptina, de glicose, da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de triacilgliceróis (TG). Os ratos submetidos ao ECBI e alimentados com comfort food reduziram as concentrações de insulina e aumentaram as concentrações de grelina. O estresse diminuiu a massa do tecido adiposo retroperitoneal e visceral (TAV), e o percentual de gordura subcutânea, em contraste, o consumo de dieta palatável aumentou a massa destes depósitos e o percentual de gordura subcutânea. O percentual de proteína da carcaça não foi alterado pelo estresse e ou pela dieta. Nossos resultados sugerem que o protocolo de estresse crônico brando imprevisível teve um efeito anorexígeno e lipolítico. Quando foi dada a opção de dieta comfort food, a ingestão deste tipo de alimento foi capaz de atenuar o principal com ponente endócrino da resposta ao estresse. Porém, a preferência pela dieta comfort food desencadeou desordens do metabolismo da glicose e dos lipídeos, bem como um quadro de hiperleptinemia.Dados abertos - Sucupira - Teses e dissertações (2013 a 2016