Grupo Palmares em Porto Alegre na década de 1970 : o papel de mulheres negras ativistas

Esta dissertação tem como objetivo estudar a atuação de um dos primeiros grupos do Movimento Negro institucionalizados de Porto Alegre. O grupo Palmares, conhecido majoritariamente por ser cultural e conformado por um ativismo masculino, apresentou conformações inusitadas com um ativismo de mulheres negras. Já na década de 1970, as ativistas disputavam para que o movimento fosse menos cultural e mais político. Com a saída dessas mulheres do grupo Palmares foram trabalhar em redes de organizações articuladas em torno de agendas de saúde, educação. É nessa conjuntura pós-abertura política que o tratamento das questões de gênero e raça passa se conformar de forma interseccional. Articulei os conceitos de trajetórias militantes e redes para inferir porque essas mulheres começam a politizar as relações de gênero de forma interseccional em lugar de consubstancializada. Com isso, sugiro a possibilidade de resolução de um problema teórico que impõe os conceitos de consubstancialidade e a interseccionalidade como excludentes. O estudo se deu através de revisão bibliográfica, análise de textos de jornais como a Revista Tição, Folha da Tarde, Zero Hora e Correio do Povo, nas décadas de 1970 a 1978, período de vigência do grupo. Nas entrevistas com os integrantes, observou-se em suas trajetórias o modo como respondiam aos desafios impostos pelo contexto da época. Analisei especialmente o relato de mulheres, a fim de ver os mecanismos de silenciamento de suas agências.This dissertation aims at studying one of the first institutionalized groups of the Black Movement of Porto Alegre. The Palmares group, known primarity as a cultural group and shaped by male-driven activism, took an unusual turn with the participation of black women activist. Already in the 1970s, women activists struggled for the movement to become less cultural and more political. With the departure of these women from the Palmares group, they went to work in networks of organizations articulated around the health and education agendas. It is at this post-opening political juncture that the treatment of gender and race issues emerges in an intersectional manner. I articulated the concepts of militant trajectories and networks to infer why these women begin to politicize gender relations in an intersectional rather than consubstantialized way. With this, I suggest the possibility of solving a theoretical problem that imposes the concepts of consubstantiality and intersectionality as exclusionary. The study was conducted through literature review, analysis of texts from newspapers such as Tição Magazine, Folha da Tarde, Zero Hora and Correio do Povo, between 1970 and 1978, the period of existence of the group. In the interviews with the members, their trajectories demonstrated how they responded to the challenges imposed by the context of the time. In particular, I reviewed the women's narratives in order to identify the silencing mechanisms of their voices