Comunicação entre profissional da saúde e usuários surdos : estratégias e desafios

O presente estudo está inserido no projeto “Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Planejamento em Saúde: os desafios da região metropolitana de Porto Alegre/RS”, vinculado ao Grupo de Estudos em Saúde Coletiva (GESC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, e tem por tema a comunicação entre profissionais da saúde e usuários surdos no município de Gravataí/RS. Tem por objetivo identificar as possibilidades e dificuldades de comunicação em saúde e analisar os desafios e as estratégias utilizadas pelos profissionais de saúde da Atenção Básica. O estudo foi realizado com 14 profissionais de saúde de Unidades de Saúde da Família do município de Gravataí/RS, por meio de pesquisa exploratória-descritiva qualitativa. Os dados foram coletados entre março e abril de 2016, através de entrevista semiestruturada e a análise dos dados foi a análise de conteúdo, por meio da análise temática. O estudo observou que existem similaridades e singularidades na comunicação entre os diferentes profissionais de saúde com os usuários surdos. As similaridades centrarem-se em questões técnicas: a ausência de preparo na LIBRAS; a compreensão da necessidade de uma qualificação para atender melhor os usuários surdos; nas estratégias utilizadas para prestar o cuidado, predominaram a escrita, gestos informais e a leitura labial. Em relação às singularidades de ações e estratégias, observou-se que os profissionais de saúde, mesmo sem entender a LIBRAS, desenvolvem relações e vínculos com os usuários surdos, evidenciando que a comunicação em saúde vai muito além da técnica, e que é de extrema importância levar-se em conta as subjetividades, o contexto de vida e a história dos indivíduos surdos para que as relações aconteçam da melhor forma possível. Ou seja, a comunicação precisa levar em consideração as necessidades técnicas: a fala não verbal, a qualificação, a capacitação, o entendimento da língua, mas também é necessário incorporar nos processos de trabalho e nas relações as especificidades de cada indivíduo. Observa-se, por fim, que é necessário aprofundar os estudos em relação à comunicação dos profissionais de saúde com os usuários surdos, levando em consideração uma visão ampliada sobre o tema, para que colaborem para a criação de mecanismos de cuidado capazes de atingir toda a população surda, através de políticas públicas de saúde.This study is part of the project "Chronic Diseases and Health Planning: the challenges of the metropolitan region of Porto Alegre / RS", linked to the Community Health Study Group (GESC), the Federal University of Rio Grande do Sul - UFRGS, and has the theme of communication between health professionals and deaf users in the municipality of Gravataí / RS. It aims to identify the possibilities and difficulties of communication in health and analyze the challenges and strategies used by health professionals in primary care. The study was conducted with 14 professional health unit’s health family in the city of Gravataí / RS, through qualitative exploratory-descriptive research. Data were collected between March and April 2016, through semi-structured interviews and the analysis of the data was content analysis, through thematic analysis. The study noted that there are similarities and singularities in the communication between the different health professionals with deaf users. The similarities to focus on technical issues: the lack of preparation in POUNDS; understanding of the need for skills to better serve the deaf users; the strategies used to provide care predominated writing, informal gestures and lip-reading. Regarding the singularities of actions and strategies, it was observed that health professionals, even without understanding the POUNDS, develop relationships and ties to the deaf users, showing that health communication goes beyond the technique, and it is extremely important to take into account subjectivities, the context of life and history of deaf individuals to relationships happen in the best possible way. That is, the communication needs to take into account the technical requirements: speech nonverbal, skills, training, language understanding it, but it is also necessary to incorporate the work processes and relationships the specifics of each individual. It is observed, finally, that it is necessary to further study regarding communication of health professionals with the deaf users, taking into account a broader view on the subject, to collaborate to create care mechanisms to achieve all the deaf population through public health policies