Caderno, para que te quero? : práticas de escrita não institucionalizadas de uma pequena escrevente

Esta pesquisa está amparada pelos pressupostos teóricos da História Cultural, em especial, da Cultura Escrita, e visa analisar as práticas de escrita de uma criança de oito anos, aluna em uma turma de segundo ano do Ensino Fundamental de uma escola pública localizada na Zona Sul de Porto Alegre. Buscando inspiração nos postulados de autores como Roger Chartier e Jean Hébrard, o estudo se apoia no conceito das escrituras ordinárias (Hébrard, 2001), que estão relacionadas às práticas de escrita de cunho não escolar. Através da análise destas escritas, presentes em um caderno e em algumas folhas avulsas, produzidas no primeiro semestre de 2012 durante o Estágio Curricular Docente, buscou-se interpretar os sentidos atribuídos pela aluna às suas produções. A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi desenvolvida por meio de estudo de caso e análise documental, utilizando-se da entrevista como instrumento fundamental a fim de se recuperar o contexto em que tais práticas se constituíram. Foram analisados três elementos que constituem uma relação triangular para Chartier (1992): os diferentes suportes utilizados para a escrita, as práticas e os textos produzidos. Como resultados deste estudo, constataram-se diferentes tipos de escrita realizados pela criança: escritas com influências escolares, escritas de cartas e escritas de si, evidenciando o fato de que suas produções representam ora reproduções, ora escapismos da cultura escolar