O processo de receção / acolhimento de crianças e jovens em acolhimento residencial

Apesar de a importância de que se reveste a chegada de uma criança ao Acolhimento Residencial (AR) ser amplamente reconhecida, não dispomos em Portugal de evidência empírica que descreva os procedimentos de receção/acolhimento no AR. Recorrendo a uma metodologia mista de análise de dados, o presente estudo teve como objetivo principal explorar o processo de receção/acolhimento de crianças/jovens em AR, tendo em consideração a perspetiva de múltiplos informantes. Participaram neste estudo 840 crianças, 510 cuidadores, 81 técnicos da tutela e 81 diretores técnicos (DT), relativos a 81 Casas de Acolhimento (CA). Considerando as avaliações de cada CA feitas pelas respetivas crianças, cuidadores, técnicos da tutela e pelos observadores/investigadores quanto ao processo de receção/acolhimento, foi realizada uma análise de clusters que identifcou três grupos de CAs que variaram quanto ao processo de recepção/acolhimento: Acolhedor, Cuidado/Atento e Pouco Recetivo. Não foram observadas associações estatísticamente significativas entre as características formais das CAs (dimensão e tipologia) e os clusters obtidos. A fim de complementar a análise quantitativa, uma análise qualitativa das respostas dos DTs permitiu identificar três grupos de práticas que caracterizaram diferentes tipos de receção de crianças em AR: Receção Afetuosa, Receção Interessada e Receção Precária. Os resultados revelaram uma associação significativa entre os clusters e os grupos de práticas de receção em AR. Da discussão destes resultados são retiradas implicações para a prática qualificada em AR