Depedência cultural no Brasil : diálogos de Celso Furtado e Darcy Ribeiro

À luz da história, torna-se possível refletir acerca da formação da cultura brasileira, que está inscrita em um processo que transcende suas fronteiras. Tal propósito reside no empreendimento colonial português, expressão da expansão do mercado europeu, numa feitoria de exportação organizada e aplicada sob uma base populacional mista de escravos africanos e indígenas, isolados de seus hábitos e crenças. Dessa realização problemática, nasce o Brasil e suas etnias miscigenadas, que já não serão outra coisa senão povos novos entregues a destinos compulsórios, dentro das rígidas funções de exigência de uma empresa colonial escravista. Nos estamentos mais altos, constitui-se uma elite voltada para atender interesses externos e, portanto, condicionada pela retroalimentação do sistema de cultura europeu, através da permanente interferência da matriz colonial. Do outro lado, figura um povo desintegrado e aculturado, com notória criatividade para adequar-se a novas condições de existência, marginal e invisível aos olhos do projeto de país. Celso Furtado e Darcy Ribeiro, dois grandes pensadores do nosso tempo, dedicaram especial atenção a observar no Brasil o desdobramento de um sistema vicioso de transplantação de valores, delegando ao papel da cultura relevância central para explicar tendências a um desenvolvimento dependente e socialmente excludente. O diálogo entre essas ideias identifica no processo histórico brasileiro o problema da mimetização cultural, limitante da criatividade e da autonomia na busca por caminhos emancipatórios, questionando a necessidade de reprodução de um padrão de desenvolvimento que pouco se aplica a nossa realidade. Seria ele responsável pelas malformações engendradas nesse dependente processo de modernização?A la luz de la historia se hace posible reflexionar acerca de la formación de la cultura brasileña, que está inscrita en un proceso que trasciende sus fronteras. Tal propósito radica en la empresa colonial portuguesa, expresión de la expansión del mercado europeo, una fábrica de exportación organizada y aplicada sobre una población mezclada por esclavos africanos e indígenas, aislados de sus hábitos y creencias. De esa realización problemática, nace Brasil y sus etnias amalgamadas, que ya no serán otra cosa sino pueblos nuevos entregados a destinos compulsivos, dentro de las rígidas funciones de exigencia de una empresa colonial esclavista. En los estamentos más altos, se constituye una elite orientada a atender intereses externos y, por lo tanto, condicionada por la retroalimentación del sistema de cultura europeo, a través de la permanente interferencia de la matriz colonial. Del otro lado, figura un pueblo desintegrado y aculturado, con notoria creatividad para adecuarse a nuevas condiciones de existencia, marginal e invisible a los ojos del proyecto de país. Celso Furtado y Darcy Ribeiro, dos grandes pensadores de nuestro tiempo, dedicaron especial atención a observar en Brasil el despliegue de un sistema vicioso de trasplante de valores, delegando al papel de la cultura relevancia central para explicar tendencias a un desarrollo dependiente y socialmente excluyente. El diálogo entre esas ideas identifica en el proceso histórico brasileño el problema de la mimetización cultural, limitante de la creatividad y de la autonomía en la búsqueda de caminos emancipadores, cuestionando la necesidad de reproducción de un estándar de desarrollo que poco se aplica a nuestra realidad. ¿Sería él responsable de las malformaciones engendradas en ese dependiente proceso de modernización