As pequenas e médias cidades portuguesas: dinâmicas demográficas e funcionais nos últimos quarenta anos

Nos últimos quarenta anos, assistimos a um conjunto de grandes transformações na estrutura económico-social portuguesa, mudanças que foram acompanhadas pela afirmação de novos protagonistas na rede urbana nacional. Não só assistimos à emergência de pequenas e médias cidades localizadas fora do contexto metropolitano, como estas cidades, pelo quadro funcional que foram assumindo, se constituíram como peças fundamentais na formação de eixos ou sistemas urbanos regionais, organizados numa geometria que ultrapassou a lógica hierárquica e deu lugar à formação de aglomerações polinucleadas. Para esta evolução contribuiu também um conjunto de políticas, umas, com uma incidência direta nas cidades e mais vocacionadas para a regeneração urbana e ambiental, outras, de ação indireta, compreendendo vários investimentos em infraestruturas e equipamentos nas áreas da saúde, educação, desporto, acessibilidade e mobilidade, mas cuja incidência territorial foi nas cidades. Contudo, nos últimos anos, a crise económica global, com expressão reforçada na economia portuguesa, teve efeitos na organização do território nacional. Paralelamente ao envelhecimento demográfico (com uma forte incidência no interior do país), assistimos a uma re-concentraçãodo emprego nas grandes cidades, em setores de maior produtividade, conduzindo à retração do protagonismo territorial de muitas pequenas e médias cidades portuguesas.En los últimos cuarenta años, asistimos a una serie de grandes transformaciones en la estructura económico-social portuguesa, cambios que han estado acompañados por la declaración de nuevos actores en la red urbana nacional. El surgimiento de ciudades pequeñas y medianas situadas fuera del contexto metropolitano se debe al marco funcional que contribuye a la formación de ejes o sub-sistemas regionales policéntricos, organizados en una geometría que va más allá de la lógica jerárquica. En esta evolución contribuyó también un conjunto de políticas, algunas con incidencia directa en las ciudades más orientada a la regeneración urbana y ambiental, otras, de acción indirecta, abarcando varias inversiones en infraestructura y equipamientos en las áreas de salud, educación, deporte, accesibilidad y movilidad, entre otras realizadas en las ciudades. Sin embargo, en los últimos años, la crisis económica global, con expresión reforzada en la economía portuguesa, tuvo efectos en la organización del territorio nacional. Paralelamente al envejecimiento de la población (con una fuerte incidencia al interior del país), asistimos a una re-concentración del empleo en las grandes ciudades, en sectores de mayor productividad, produciendo un retraso del protagonismo territorial de muchas ciudades pequeñas y medias portuguesas.