Redes de inovação e especialização inteligente no Brasil: algumas lições da experiência RIS3 em Pernambuco

As RIS3 - Estratégias de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente têm sido promovidas na União Europeia como uma forma de criar capacidade tecnológica, fortalecer os sistemas regionais de inovação e aumentar a variedade relacionada entre as actividades económicas existentes. Actualmente - e para o período pós-2020 - as RIS3 são um importante referencial para as políticas públicas e um critério ex-ante de acesso aos FEEI (fundos europeus estruturais e de investimento) relacionados com a inovação. Mas têm também sido influentes em outras partes do mundo. A presente comunicação baseia-se numa das primeiras tentativas de aplicar o referencial teórico-metodológico RIS3 na elaboração de uma estratégia fora do espaço europeu, neste caso no Estado de Pernambuco (PE - Brasil). Este Estado assistiu a uma evolução notável no domínio de C&T e assume-se hoje como importante actor global nas tecnologias de informação (TI). No entanto, abrange territórios com diferentes níveis de desenvolvimento socioeconómico. Dois sectores foram definidos pelo governo estadual como estratégicos e alvo do projecto-piloto na fase 2, que inspira esta comunicação. O primeiro relaciona-se com a intersecção de TI com o sector automóvel, localizado essencialmente no eixo Recife-Goiana, fruto da implementação do Porto Digital, um grande parque neste domínio, e da instalação na região de uma das fábricas state-of-the-art da Fiat-Chrysler na América Latina. O segundo é o vestuário (confecções), um sector crucial para o progresso da região interior e rural, em particular o Agreste, com um efeito muito significativo na redução da pobreza, mas com desafios significativos para a inovação e sustentabilidade ambiental. Esta comunicação explora material empírico recolhido no desenvolvimento da fase 2 da RIS3-PE, analisando um questionário a entidades nos sectores estratégicos e entrevistas a actores de inovação considerados centrais. O estudo efectuado, utilizando ferramentas de análise de redes, explicita funções na intermediação de fluxos de inovação neste Estado brasileiro. O texto discute ainda o papel do Estado, na perspectiva dos entrevistados, na animação da inovação regional e no estímulo à cooperação. A análise fornece pistas para a formulação de políticas de inovação em regiões menos desenvolvidas