A reflexão como estratégia de formação contínua de educadores de infância num contexto de investigação-acção

Tese de doutoramento em Ciências da Educação (Desenvolvimento Curricular e Avaliação em Educação), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2002A reflexão sobre o exercício da própria profissão é assumida nesta dissertação como estratégia, talvez a mais adequada, de formação contínua de Educadores de Infância. O contexto dessa formação, porque dialecticamente interpenetra a teoria e a prática, numa constante renovação e afirmação de ambas, parece-nos ser de uma investigação-acção, porque permite clarificar e produzir novos conhecimentos, porque pretende contribuir para uma modificação da realidade social e, fundamentalmente, porque forma os intervenientes nessa investigação e nessa acção. O “modus faciendi“ dessa reflexão não foi fácil encontrá-lo. As propostas de SCHÖN e ZEICHNER apontaram-nos caminhos que se evidenciaram seguros, dando-nos indicações adequadas à proposta de um modelo de formação contínua para educadores de infância com extensão legítima a outros níveis de ensino/aprendizagem. Este modelo é, para nós, apenas uma forma de reflectir sobre a acção, uma forma de investigar sobre a própria acção, uma forma de “contestar uma racionalidade técnica assumida como ponto de partida, para evidenciar uma nova racionalidade técnica como ponto de chegada (= a um novo ponto de partida). E, como é fácil verificar, não estamos sós na aplicação deste modelo de formação contínua. Fizemo-lo apenas doutra forma. Utilizámos apenas outros instrumentos de recolha de elementos para a reflexão sobre o exercício da profissão. O vídeo feed-back, utilizado com as precauções que salientámos oportunamente, é sem dúvida um instrumento eficaz para “transportar a realidade jardim-escola para uma autoscopia serena, capaz de dar indicações do que interessa reformular em actividades futuras. Mas as indicações dadas por outros profissionais interessados em melhorar tanto a sua actividade como a do profissional em observação, através da prática da heteroscopia que viva das vantagens de uma supervisão clínica, são imprescindíveis a uma boa utilização do vídeo feed-back. Dos protocolos entre os dados de uma lúcida autoscopia e uma sensata heteroscopia resultarão benefícios para todos os intervenientes nesse processo comum de investigação-acção. Para avaliar de forma o mais objectiva possível os dados colhidos pelo vídeo há que construir grades de observação que permitam traduzir em termos concretos, entre dois momentos de observação/avaliação de atitudes, as melhorias que o observado foi introduzindo na sua acção educativa. Para já o nosso trabalho é um produto em construção. Deixamos algumas grades de observação que os vários grupos de investigação-acção foram construindo e reformulando. Os educadores que aderiram à nossa proposta de formação preferem tentar avaliar os progressos das suas crianças, inferindo daí que, se as suas crianças evoluíram, eles exerceram melhor a sua profissão, melhoraram as suas atitudes. É uma evidência ao longo desta dissertação. Mas fica também claro que a nossa linha de investigação futura (tanto a nível da formação contínua como e sobretudo da formação inicial) é promover uma auto e heteroscopia em pequenos grupos de actores empaticamente colaborantes e com o único objectivo de transformarem constantemente o seu processo de auto-formação através de uma sempre renovada melhoria de atitudes.La réflexion sur l’exercice de sa propre profession est assumée dans cette dissertation comme la stratégie, peut-être la plus adéquate, de formation continue d'institutrices. Le contexte de cette formation-là, parce que dialectiquement interpénètre la théorie et la pratique, dans une permanente rénovation et affirmation des deux, il nous semble être dune recherche-action car elle permet de clarifier et de produire de nouvelles connaissances, vu qu'elle prétend contribuer à une modification de la réalité sociale et fondamentalement car elle forme les intervenients de cette recherche et de cette action. Le "modus faciendi" de cette réflexion n’a pas été facile de lé trouver. Les propositions de SCHÖN et ZEICHNER ont indiqué des chemins qui se sont montrés de toute sécurité, en nous donnant des indications adéquates à la proposition d'un modèle de formation continue pour institutrices et avec une extension légitime à d’autres niveaux d’enseignement/apprentissage. Ce modèle est, à notre avis, seulement une forme de réfléchir sur l'action, une façon de "contester un rationalisme technique assumé comme point de départ, pour attirer I'attention sur un nouveau rationalisme technique à l’arrivée (= à un nouveau point de départ). Et, comme il est facile à vérifier, nous ne sommes pas seuls dans l’application de ce modèle de formation continue. On l'a fait seulement d'une autre manière, on a utilisé seulement d'autres instruments de recueil d’éléments pour la réflexion sur l’exercice de la profession. La vidéo feed-back, utilisée avec les précautions qu'on a mis en relief en temps opportun c'est, sans aucun doute, un instrument efficace pour "transporter la réalité école maternelle pour une "autoscopie" sereine, capable de donner des indications de ce qui intéresse reformuler dans les activités futures. Mais les indications fournies par d’autres professionnels intéressés à améliorer tant son activité comme celle du professionnel en observation, à travers la pratique de l'hétéroscopie" qui vive des avantages d'une supervision clinique, sont absolument nécessaires à une bonne utilisation de la vidéo feed-back. Des protocoles entre les donnés d'une lucide autoscopie et une raisonnable hétéroscopie en résulteront des bénéfices à tous ceux qui interviennent dans ce processus de recherche-action. Pour évaluer de la façon la plus concrète possible les donnés recueillies par la vidéo il faut construire des grilles d'observation qui permettent de traduire concrètement, parmi deus moments d'observation/évaluation d'attitudes, les progrès que l’observé a introduit dans son action éducative. De toute façon, notre travail est un produit en construction. On laisse quelques grilles d’observation que les différents groupes de recherche-action on construit et ont reformulé. Les institutrices qui ont adhéré à notre proposition de formation préfèrent essayer d’évaluer les progrès de leurs enfants, en déduisant de cela que, si leurs enfants on évolué, elles auront amélioré leurs attitudes. C’est une évidence tout au long de cette dissertation. Mais il faut remarquer aussi que notre ligne de recherche future (tant au niveau de la formation continue comme et surtout au niveau de la formation initiale) est de promouvoir une auto et hétéroscopie dans des petits groupes d’acteurs emphatiquement collaborants et du seul but de transformer constamment leur processus de auto-formation, à travers une toujours renouvelée amélioration d’attitudes