Vidas em fuga da pobreza: mobilidades improváveis e identidades precárias

Começam hoje a ser conhecidos os determinismos que encerram a maioria dos pobres em ciclos intergeracionais de pobreza. Mas também as circunstâncias que, ainda assim, geram uma camada flutuante, para a qual os episódios de pobreza não se transformam numa condição definitiva. Nesta obra, que resulta de uma investigação aprofundada sobre o campo teórico da pobreza e sobre os estudos empíricos que lhe dão corpo, o autor desvenda as trajetórias de mobilidade de vinte e oito famílias residentes em dois bairros de habitação social, um na cidade de Lisboa e outro num concelho fronteiro, da área metropolitana. Estas famílias encontravam-se num momento particular das suas histórias de vida, em que se começavam a definir ou se consolidavam percursos bem-sucedidos de fuga à pobreza económica. Junto delas, o autor procurou respostas. A saber: como a pobreza surgiu nas suas vidas, quais as causas que a provocaram e em que condições foi possível a sua superação — cruzando na análise o impacto de fatores estruturais com as estratégias desenvolvidas no plano individual e familiar; como se (re)construíram os modos de vida destas famílias a partir da sua saída da pobreza, e de que forma esses indivíduos e famílias se identificam socialmente tendo em conta as posições por si conquistadas e as aspirações que mantêm; e quais as suas representações sobre o conjunto mais amplo das estruturas de desigualdade e das hierarquias sociais e económicas, desde as posições desfavorecidas que experimentaram pessoalmente aos lugares mais privilegiados a que só a imaginação lhes permite aceder.