Educação Física: as possibili¬dades existem, nós sabemos aproveitá-las ?

Sempre tomamos um posicionamento diante do atual momento social que passamos, quer seja conivente e passivo ou transformador e idealis­ta. E este posicionamento, inconsciente ou intencional, é decorrente de nossa maneira de ser, que se reflete em nossa aula de Educação Física. A ação pedagógica dos professores de Educação Física encontra-se intima­mente ligada com as suas concepções de homem, de mundo e de socieda­de, e isso se reflete nos valores que ele opta por transmitir em sua prática educativa. O que se pretende a partir deste ensaio é levantar questionamentos, refletir sobre um pouco do que se faz e o que se poderia fazer em nossas aulas de Educação Física. Acreditamos que para as aulas de Educação Física tornarem-se parte do mundo do aluno, seria muito importante possibilitar a participação dos alunos dentro do processo de organização das aulas, tornando-os também responsáveis por ele, onde estes não sejam considerados apenas como executores do planejamento do professor. De modo a proporcionar algumas evidências com relação a possibilidade de trabalhar a Educação Física dentro de outras alternativas, sem descar­tar e negar o esporte, mas sim refletir sobre ele, apresentaremos também uma aula desenvolvida na Escolinha de Futebol da UFSM. A aula contou com uma turma de alunos regulares desta, onde procurou-se identificar no jogo algumas características da sociedade que nele se refletem. Como resultado caracterizou-se nitidamente a divisão de classes existentes. Nesta aula, além dos trabalhos técnicos de chute, passe, cabeceio e etc, os alunos puderam perceber em primeira instância o que significa, como está, como poderia ser e como se desenvolvem os papéis sociais no atual quadro social. Neste relato, para nós toma-se clara a possibilidade de refletir, pensar e agir por meio de caminhos que ensinem muito mais do que simplesmente o movimento técnico dos esportes, mas que também interfiram no processo de desenvolvimento dos alunos enquanto cidadãos que compre­endem o mundo em que vivem, e que podem transformá-lo