Atendimentos psicossociais a crianças e adolescentes em situação de violência sexual: percepções de psicólogas de um CREAS/PAEFI da Grande Florianópolis

A pesquisa objetivou problematizar as percepções de psicólogas de um CREAS/PAEFI da Grande Florianópolis sobre atendimentos psicossociais a crianças e adolescentes em situação de violência sexual. Para este fim buscou-se: identificar as percepções de psicólogas quanto às ações desenvolvidas, as dificuldades encontradas e as estratégias utilizadas no atendimento. Para alcançar tais objetivos foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três psicólogas que atuam em um CREAS, no serviço do PAEFI. A análise das entrevistas está amparada pela perspectiva teórico-metodológica de análise das práticas discursivas e de produção de sentidos, conforme proposta por Mary Jane Spink (2004). Os resultados obtidos demonstram que as principais ações desenvolvidas visam à superação da situação de violência, ao fortalecimento dos vínculos familiares, e à promoção do desenvolvimento da autonomia e a construção de projetos futuros. Além disso, os resultados demonstram que as principais dificuldades encontradas são em relação a distinção entre abordagem psicossocial e psicoterapia, baixa adesão dos adolescentes, negligência da família e do Estado, revitimização das crianças e adolescentes, desarticulação da rede de atendimento e proteção, e escassez de recursos materiais (lúdicos pedagógicos). No que se refere às principais estratégias de intervenção utilizadas são: linguagem verbal e/ou lúdico. Considera-se que este estudo pode contribuir para a compreensão do atendimento psicossocial a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, propiciando não apenas a transmissão de conhecimentos teóricos, mas também à sensibilização dos profissionais sobre a problemática da violência