Sobre a importância das Unidades de Investigação e Desenvolvimento financiadas pela FCT na afirmação das Instituições de Ensino Superior Politécnicas. O caso do CERNAS

O CERNAS (Centro de Estudos em Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade), é uma Unidade de Investigação e Desenvolvimento (UID) financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 100% sediada em Politécnicos que na última avaliação, ocorrida em 2018/19 obteve a classificação de Muito Bom. Centrada na Região Centro, possuía em 2018, 49 investigadores integrados com Doutoramento, procedentes dos três polos, dos Institutos Politécnicos de Castelo Branco, Coimbra e Viseu, maioritariamente das suas Escolas Superiores Agrárias. O CERNAS divide-se funcionalmente em três Grupos de Investigação (GI), a saber: GI em Ciências e Engenharia Alimentar, GI em Ciências Agronómicas e GI em Ambiente e Sociedade. Fundado em 2003, o CERNAS desde cedo pugnou pelo incentivo à criação de saber, enquanto dimensão fundamental da missão de uma Instituição de Ensino Superior, no contexto da idade do conhecimento, procurando criar as condições para o desenvolvimento estrutural das suas equipas de investigação, a criação das competências estratégias em termos de investigação e saber, necessárias ao desenvolvimento da Região Centro de Portugal. Com efeito, ao constituir-se como uma UID centrada na Região Centro, a única avaliada e financiada na área temática da Agricultura pela FCT, o CERNAS tem o privilégio e o dever de contribuir para uma área estratégica em que falta a massa crítica para o desenvolvimento de uma Região tão exigente como diversificada, onde soluções mais tradicionais têm pouco impacto. O CERNAS posiciona-se assim como um instrumento imprescindível ao desenvolvimento, tendo já ultrapassado uma série de desafios, nomeadamente um certo apoucamento que desde sempre se ligou à capacidade de os Politécnicos produzirem saber. Neste sentido, a afirmação do CERNAS até ao momento inscreve-se num espírito de demostração de competências ao mais alto nível científico, e sobretudo à sua transferência para o tecido empresarial, de forma a aumentar a competitividade e as mais valias resultantes da incorporação do saber nos processos produtivos. À nossa frente subsistem, no entanto, problemas a ultrapassar, na peleia por um total reconhecimento do papel dos Politécnicos e das suas Escolas Superiores Agrárias enquanto centros de produção de saber e indutores de desenvolvimento. Desde logo a consolidação das conquistas até ao presente, com a criação de condições para a formação de equipas de investigação em redor de um ou mais investigadores (preferencialmente pertencentes aos vários polos do CERNAS), em temas estratégicos para a Região e para a resolução dos seus problemas. Por fim, o problema da formação avançada ao nível dos Programas Doutorais, continua a ser uma das dimensões que nos cerceia e impossibilita de projetar o nosso impacto a médio e longo prazo, razão pela qual a completa implementação do DL65/2018 continua a ser um dos nossos principais desígnios. A comunicação pretende apresentar a estratégia do CERNAS face aos obstáculos já ultrapassados, bem como face aos problemas que se adivinham e avizinham.