Shklovsky and Tolstoy: a moral of estrangement

Quando em seu ensaio “A arte como procedimento” Viktor Chklóvski usou alguns trechos de Liev Tolstói como exemplo do que ele próprio definiu como “processo de estranhamento” (ostranenie), tendo em mente certo recurso estilístico muito característico do autor, deu-nos uma chave importante para a compreensão de sua obra. Contudo, embora no mesmo ensaio tenha tentado explicar qual a função do estranhamento na arte e na literatura, não se preocupou em especificar qual a função desse processo na obra de Tolstói, a que efeito particular ele atendia, não indo muito além de constar sua existência. Neste trabalho, refletirei sobre alguns aspectos e passagens da obra de Tolstói, buscando compreender as funções do que nela Chklovski identificou como processo de estranhamento, à luz das considerações mais amplas que o crítico desenvolveu em seus ensaios.When in his essay “Art as Procedure” Viktor Chklovski used some excerpts from Liev Tolstoy as an example of what he defined as a “process of estrangement” (ostranenie), bearing in mind a very characteristic stylistic feature of the author, he gave us an important key to understand his work. However, while in the same essay he tried to explain the function of estrangement in art and literature, he did not really specify the function of this process in Tolstoy's work – to what particular effect it served –, but merely verified its existence. In this paper, I will reflect on some aspects and passages of Tolstoy's work, seeking to understand the functions of what Chklovski identified in it as a process of estrangement, in light of the broader considerations that the critic has developed in his essays