Intelectuais, cultura e política na São Paulo dos anos 30: Mário de Andrade e o Departamento Municipal de Cultura

Os anos trinta, no Brasil, traduzem um momento de grande efervescência política e cultural para o país, abarcando inúmeras transformações que, no campo intelectual, estreitam cada vez mais os laços de intelectuais com o poder. No que diz respeito à esfera cultural, as práticas que surgem a partir de tal década denotam que, pela primeira vez na história republicana, projetos de políticas culturais visaram articular questões discutidas pela nação ao desejo de construção de uma "cultura nacional autônoma" e, assim, acalentaram sonhos e utopias de um grupo que em muito buscou configurar a chamada "realidade brasileira". O presente artigo tem por objetivo detectar algumas peculiaridades da condição intelectual brasileira no famoso período partindo-se sobretudo de uma experiência particular - isto é, vivenciada pelo modernista Mário de Andrade como diretor de um importante órgão político-cultural da cidade de São Paulo (1935-1938) - vinculando-a aos acontecimentos históricos e, ainda, aos determinantes políticos e ideológicos que configuraram o campo intelectual brasileiro no início do sécul