PINTURA PRESENTE. UMA BREVE INCURSÃO NOS DESENHOS DE ROLAND BARTHES

Indian ink, gouache, watercolour: Barthes’ fluid trace is an attempt to capture the vanishng instant, the floating inscription signs of every Sunday morning in which he used to produce his ink blots, as he says himself.It certainly is an instant of significance for him who traces and paints, but at the same time it is a gift : Barthes inscribes his body in a fragile material – usually a very thin sheet of paper as those letterheads from the École des Hautes Études – not in order to afirm himself as an artist, but for the simple pleasure of dedicating this amateur gesture to his friends, presenting them with his production. The pictorial gesture in Barthes happens, therefore, as a sign of anacoluthia, i.e. the rare space in which our ideas penetrate each other with afect, in which friends, by walking by our side and by sharing our path, allow us to think, write, speak. In this paper I analyse the pictorial gesture in Roland Barthes not only as producing gesture, regarding the signs that delightedly vacilate between letter and image, but essencially as an offering one. O nanquim, o guache, a aquarela: o traço fluído de Barthes é uma tentativa de captar um instante efêmero, a inscrição dos signos flutuantes de cada manhã de domingo em que ele fazia os seus “borrões”, como ele próprio diz; é certamente um instante de significância daquele que traça e colore, mas também é um dom: Barthes inscreve seu corpo em um frágil suporte – muitas vezes em um papel de pouca gramatura destinado à escrita, como são as folhas timbradas da École de Hautes Études – não para se afirmar como artista, mas pelo simples prazer de dedicar esse gesto amador a seus amigos, presenteando-os com seu resultado. O gesto pictural em Barthes acontece, portanto, também sob o signo da anacoluthia, “o campo raro em que as ideias se penetram de afetividade, em que os amigos, pelo cortejo com que acompanham nossa vida, permitem-nos pensar, escrever, falar” (“A Imagem” O rumor da língua, p. 444). Nessa comunicação farei uma análise do gesto pictural em Barthes não somente como um gesto produtor, olhando para os signos que hesitam prazerosamente entre a letra e a imagem, mas também como um gesto de oferta