BARTHES E MUSIL, COMO VIVER JUNTO: AS TABELAS LITERÁRIAS DE GONÇALO M. TAVARES

This paper presents an analysis of Roland Barthes e Robert Musil (2004), by the Portuguese writer Gonçalo M. Tavares. It is a peculiar literary text, disposed in form of columns and rows, denominated “literary tables” by the author. I try to expose how Tavares makes Roland Barthes live in his text, beyond the quotations and references to the French author. Therefore, my reading of Tavares’ text is based on an inverted image of the “drugged reading” made by Barthes of Balzac’s short story Sarrasine in a seminar he held between 1967 and 1969, which resulted on the book S/Z (1970). I also seek to relate the “literary tables” to the idea of “calculation of pleasure” contained in Barthes’ study of the oeuvre of Charles Fourier in Sade, Fourier, Loyola (1971). This paper proposes to liken Tavares’ “literary tables” – a device of exactitude which moulds a poetic and fragmentary text – to the diachronic movement made by Barthes’ oeuvre itself, from the enthusiasm with the formalism in the 50’s and 60’s towards the pleasure of Text in the 70’s.Esta comunicação apresenta uma análise de Roland Barthes e Robert Musil (2004), do escritor português Gonçalo M. Tavares. Trata-se de um texto literário peculiar, disposto em forma de planilhas, que o autor denomina “tabelas literárias”. Busco mostrar como Tavares faz viver Roland Barthes para além das citações e referências ao autor francês. Para tanto, proponho uma leitura do texto à imagem invertida da “leitura drogada” de Sarrasine, de Balzac, que Barthes realizou num seminário entre 1967 e 1969 e que resultou no livro S/Z, de 1970. Busco também relacionar as “tabelas literárias” à ideia de “cálculo de prazer” contida no estudo de Barthes sobre a obra de Charles Fourier em Sade, Fourier, Loyola (1971). A proposta desta comunicação é aproximar as “tabelas literárias” de Tavares – um dispositivo de exatidão que emoldura um texto poético e fragmentário – ao movimento diacrônico que faz a própria obra de Barthes, partindo do entusiasmo com o formalismo nos anos 50 e 60 em direção ao prazer do Texto nos anos 70