A História constantemente serviu como um instrumento para legitimar situações presentes. Baseado, normalmente, mais em anacronismos do que em mentiras, como salienta Eric Hobsbawn, a apropriação da História para a legitimação de situações presentes é tanto mais perigosa porque passa a ser propagada em livros escolares e produtos culturais. É a partir dessa ótica que iremos analisar, no presente artigo, a intervenção da censura na peça Este Ovo é um Galo, de Lauro César Muniz, que passou pelo Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo, em 1959. Ao explorar as tradições simbólicas da Revolução de 1932, a peça se torna alvo da censura, em uma época em que o elogio à nacionalidade estava em voga. A censura posiciona-se, portanto,...