Aspectos Fenológicos de Duas Populações de Sargassum cymosum (Phaeophyta - Fucales) do Litoral de São Paulo, Brasil

Sargassum cymosum var. cymosum e S. cymosum var. nanum formam densos bancos próximo à franja do infralitoral, respectivamente nos costões protegidos e batidos na costa sudestes do Brasil. Duas populações destas variedades foram estudadas na Ponta da Fortaleza, Ubatuba, SP, para avaliar a variação mensal da biomassa e densidade das populações, tamanho, peso e reprodução dos indivíduos durante 18 meses. Foram incluídas neste estudo observações sobre as algas epífitas, ou encontradas entre as plantas de Sargassum bem como sobre a população de ouriços que vive sob a cobertura de S. cymosum var. nanum. As duas populações de Sargassum são perenes, entretanto, somente o apressório e eixos principais persistem durante todo o ano. Ramos laterais primários em desenvolvimento, férteis e senescentes são encontrados em todas estações do ano, sendo continuamente renovados. Em todas as épocas amostradas a biomassa das duas populações correspondeu a mais que 70% da biomassa total da área, caracterizando uma comunidade madura do tipo clímax. A variação sazonal da densidade dos ouriços correlaciona-se positivamente com a variação da biomassa de S. cymosum var. nanum. As interrelações entre as populações destes dois organismos são discutidas destacando-se o papel chave que representam nesta comunidade. Os valores de biomassa de Sargassum mostraram uma marcada variação sazonal sendo máximos na primavera e mínimos no verão e início do outono. Esta variação esta relacionada à variação do peso e comprimento médios das plantas, embora a variação da densidade também seja importante no costão batido. Receptáculos maduros são encontrados em ambas as populações durante o ano inteiro; entretanto, a liberação de oocistos parece obedecer a um ritmo endógeno quinzenal que acompanha os períodos de mares baixas. A fenologia das variedades estudadas foi comparada com os dados conhecidos para outras espécies de Sargassum nos trópicos e subtrópicos do hemisfério norte. Concluímos que nos trópicos e subtrópicos o papel da luz e temperatura na fenologia das algas marinhas pode ser localmente modificado pela interação de um complexo de outros fatores