PEDOGÊNESE-MORFOGÊNESE EM UMA TOPOSSEQUÊNCIA REPRESENTATIVA DA PAISAGEM SW DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

O intemperismo e a perda geoquímica dos elementos que compõem as rochas e solos são mecanismos importantes de evolução das paisagens tropicais. Na região sudoeste da Amazônia brasileira, a presença de depressões topográficas nas superfícies dos platôs suavizados e rebaixados determina a associação de solo Cambissolo, relativamente bem drenado, de constituição laterítica e presente nas partes topograficamente elevadas dos platôs, com solo Gleissolo mal drenado, sazonalmente saturado, desferruginizado e rico em matéria orgânica, presente nas depressões topográficas. Nesta unidade de paisagem, o estudo de uma topossequência representativa do sistema pedológico mostrou que o Cambissolo evolui verticalmente por pedoplasmação a partir de horizontes plínticos e o Gleissolo evolui lateralmente, transformando as características originais do Cambissolo, devido ao caráter semi-aberto da depressão e ao fluxo hídrico subsuperficial lateral que esvazia, nos meses de baixa precipitação, a depressão saturada de água. Determinações dos teores dos óxidos totais por espectrometria de raios-X e da natureza dos argilominerais por difratometria de raios-X evidenciaram evolução lateral remontante do Gleissolo a partir do centro da depressão. Condições redutoras e conexão da depressão com o eixo de drenagem resultaram em acentuada perda de argila e aumento relativo da fração arenosa e da macroporosidade na matriz do solo, acompanhado por decréscimo dos teores de Fe2O3, Al2O3 e outros elementos químicos. O empobrecimento químico e de argilas resultam em mudanças mineralógicas com presença marcante de caulinita, vermiculita-Al e gibbsita, acompanhada por diminuição da illita. A relação pedogênese-morfogênese é determinada pelo regime hídrico, que acentua a erosão geoquímica, o aprofundamento e alargamento das depressões e o consequente aumento da dissecação e lento rebaixamento da superfície topográfica