Deprimido e menos humano: o estudo da infrahumanização no contexto da depressão

Dissertação de Mestrado apresentada no ISPA – Instituto Universitário para obtenção do grau de Mestre na especialidade de Psicologia Social e das Organizações.Atualmente a depressão é uma das perturbações mentais mais comuns, tanto em Portugal, como globalmente. Sabendo que uma significativa percentagem de sujeitos sofre de depressão, torna-se relevante perceber como estes são percecionados pela restante sociedade. A literatura apresenta inúmeros resultados que nos deixa clara a existência de uma elevada estigmatização e discriminação perante a doença mental e, especificamente na depressão, os dados existentes na literatura, sugerem que são inúmeras as atitudes discriminantes perante o sujeito que sofre desta perturbação, desde atribuições de diversas características negativas, até ao elevado distanciamento social existente perante o mesmo. Tal sugere que, a possibilidade de negar essência humana a outros grupos que não o seu, ou seja, de considerar outgroups como menos humanos que o seu ingroup, através da atribuição diferencial de emoções unicamente humanas (infrahumanização), independentemente da sua valência, pode ser um processo de discriminação que exista perante o sujeito deprimido. Sabendo que os sujeitos, tanto da população clínica como da não-clínica, percecionam a depressão, como sendo uma perturbação emocional de carácter negativo, levanta-se a hipótese da existência de infrahumanização perante o sujeito deprimido, mas, com esta a ser dependente da valência das emoções. Com a exposição de dois distintos cenários (sujeito com depressão; sem depressão), previamente pré-testados, procurámos analisar essa hipótese. Os resultados provenientes dos 174 participantes indicaram que, para além de um maior distanciamento social, existiu, também, um efeito de infrahumanização perante o sujeito deprimido, dependente da valência das emoções. Estes e outros resultados são posteriormente discutidos à luz da literatura sobre distanciamento social, familiaridade com a depressão e, à luz do estudo da infrahumanização na esquizofrenia. Limitações do estudo são também discutidas, tal como, futuras investigações são fornecidas.Depression is currently one of the most common mental disorders, both in Portugal and globally. Knowing that a significant percentage of subjects suffer from depression, it becomes relevant to realize how these are perceived by the rest of society. The literature presents numerous results that makes clear the existence of a high stigmatization and discrimination against mental illness and, specifically in the depression, the existing data in the literature, suggest that there are innumerable discriminant attitudes towards the subject that suffers from this disorder, of various negative characteristics, to the high social distance existing before it. This suggests that the possibility of denying human essence to groups other than their own, that is, to consider outgroups as less human than their ingroup, through the differential attribution of uniquely human emotions (infrahumanization), regardless of their valence, can be a process of discrimination that exists towards the depressed subject. Knowing that both clinical and nonclinical subjects perceive depression as being a negative emotional disorder, the hypothesis is raised that there is infrahumanization in relation to the depressed subject, but with this being dependent on the valence of emotions. With the exposure of two different scenarios (subject with depression, without depression), previously pretested, we tried to analyze this hypothesis. The results from the 174 participants indicated that, in addition to a greater social distancing, there was also an infrahumanization effect on the depressed subject, dependent on the valence of the emotions. These and other results are later discussed in the light of the literature on social distancing, familiarity with depression and, in the light of the study of infrahumanization in schizophrenia. Limitations of the study are also discussed, such as, further investigations are provided