Contextos relacionais na adaptação à maternidade : estudo da influência das relações afectivas com os pais durante a infância e adolescência e do suporte social na idade adulta

Tese de Mestrado em Psicologia (Área de Especialização em Mudança e Desenvolvimento em Psicoterapia) apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2005A utilização de uma perspectiva desenvolvimentista tem-se revelado fértil, nos trabalhos empíricos e debates suscitados, como grelha de leitura para conceptualizar a transição para a maternidade. Neste contexto, a reavaliação das relações, passadas e actuais, com a família de origem, nomeadamente com a mãe e o pai, e a disponibilidade de suporte social, têm sido consistentemente associadas à qualidade da adaptação na transição para a maternidade. Neste trabalho, apresenta-se uma investigação empírica com 219 mulheres, mães de recém-nascidos, em que se procurou avaliar a adaptação à maternidade através de indicadores de saúde mental, reactividade emocional, stress percebido e realização materna. Dos nossos resultados, destacaríamos que: (a) ter sido rejeitado e sobreprotegido por ambos os progenitores parece funcionar como um factor de vulnerabilidade na adaptação à maternidade; (b) o número de figuras de suporte indicadas no círculo de proximidade intermédia e a satisfação global com o suporte recebido do companheiro e do pai parecem funcionar como factores de protecção na adaptação à maternidade; (c) a proximidade emocional à mãe parece ser simultaneamente um factor de protecção e de vulnerabilidade na adaptação à maternidade; e (d) apenas a rejeição da mãe, o número de figuras de suporte indicadas no círculo de proximidade intermédia e a satisfação global com o suporte recebido do companheiro surgem como variáveis preditoras da adaptação à maternidade. São retiradas implicações do ponto de vista de intervenção psicológica para esta fase do ciclo de vida.The use of a developmentist perspective has revealed itself useful in empirical works and debates as a reading framework to conceptualize the transition to motherhood. In this context, reavaluation of relationships, past and present, with the family of origin, mainly with the mother and the father, and social support availability, have been consistently associated to the quality of adjustment in the transition to motherhood. This study presents an empirical research with 219 women who just gave birth, in which we evaluate the adjustment to motherhood through indicators of mental health, emotional reactivity, perceived stress and maternal fulfillment. From our results, we point out that concerning adjustment to motherhood: a) being rejected and overprotected by both parents seems to act like a vulnerability factor; (b) the number of support figures pointed in the circle of intermediate proximity and the global satisfaction with received support from the partner and the father seems to act like protection factors; (c) emotional proximity to the mother seems to be simultaneously a protection and vulnerability factor; and, (d) only rejection from the mother, number of support figures pointed in the circle of intermediate proximity and global satisfaction with received support from the partner appear as predictor variables of adjustment to motherhood