Distracção, fruição e evasão: as funções cultural e recreativa na AML

Um dos domínios em que manifestamente continuam a ser mais pronunciadas as diferenças entre o que a área metropolitana de Lisboa e o resto do país têm para oferecer é o cultural. Sobre a forte concentração de actividades culturais nesta parcela do território português e a confrangedora pobreza da maior parte das restantes regiões, muito se tem falado. Os números não o desmentem. Quer se considerem indicadores sobre a produção de informação, a realização de espectáculos públicos, ou a oferta de equipamentos, a imagem tende a convergir sempre no sentido de mostrar que cabe à área metropolitana de Lisboa um lugar à parte no espaço nacional. Em 1997, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), concentravam-se aqui cerca de um terço dos museus portugueses e metade das bibliotecas; do total de sessões de espectáculos públicos realizadas, 46% haviam tido lugar na área metropolitana de Lisboa, e esse número subia para 73% se excluíssemos o cinema, isto é, se considerássemos apenas os espectáculos de teatro, música e bailado; na área metropolitana de Lisboa produziam-se ainda metade dos títulos de jornais e revistas publicados no país. Mais elevadas eram ainda as percentagens se olhássemos para os indicadores de procura: verificar-se-ia então que a área metropolitana de Lisboa concentrava, no mesmo ano e de acordo com a mesma fonte, 44% das visitas a museus portugueses (o que na prática significa que os seus museus são em média mais visitados que no resto do país) e 49% das entradas em espectáculos públicos, valor que, excluindo novamente o cinema, passaria para 84,6%. [...]