O clientelismo geralmente é considerado como um obstáculo à modernização política e à politização democrática. Vínculo pessoal utilitário e particularista, baseado na obtenção de benefícios pessoais recíprocos (apoio político mediante favores), ele é visto como um empecilho à concretização de uma cidadania universalista, fundada na cultura cívica, nas identificações coletivas, nos valores políticos e nas ideologias. A partir do caso da Córsega, este artigo contesta de duas maneiras essa interpretação do clientelismo político. Primeiramente, em uma perspectiva histórica, trata-se de estudar o clientelismo como um mecanismo através do qual as instituições e as categorias políticas modernas integram e se adaptam a situações locais no decorrer ...