Desemprego, precariedade, estabilidade laboral e associações diferenciais com a saúde em jovens do distrito de Lisboa

Dissertação de Mestrado em Sociedade, Risco e SaúdeAs alterações no padrão de emprego, potenciadas pela flexibilização laboral, têm resultado numa proliferação de contratos de trabalho atípicos, comummente percepcionados como precários ou promotores de instabilidade. Existem ainda questões relacionadas com a dificuldade do mercado de trabalho em absorver a mão-de-obra existente o que, consequentemente, leva a um aumento das taxas de desemprego, sendo particularmente desafiador para os jovens, que devido ao seu período de vida mais sensível, marcado por transições socialmente expectáveis e por autoprojecções sobre o seu próprio futuro, se tornam mais vulneráveis. O desemprego jovem e o emprego precário têm-se assumido como um problema crescente, com repercussões sociais significativas, contribuindo para o desenvolvimento e manutenção de desigualdades sociais. Não obstante, têm também um impacto adverso na saúde mental e no bem-estar psicológico dos jovens. Na tentativa de compreender se a existência de um gradiente no mercado de trabalho, com base na situação laboral, tem influência na saúde dos jovens, realizou-se um estudo quantitativo a uma amostra de 736 indivíduos com idades entre os 18-34 anos, residentes no distrito de Lisboa. Foram também conduzidas 9 entrevistas exploratórias para compreender qual o valor que os indivíduos atribuem ao trabalho, como o percepcionam e de que forma este interfere na sua vida. Para além disso, tentámos também explorar a influência do suporte social na vida dos jovens em situação de maior vulnerabilidade. Os resultados revelam que ter um emprego, independentemente do vínculo, está associado a uma melhor saúde mental. Contudo, estar desempregado está associado a níveis reduzidos de saúde mental e bem-estar psicológico, corroborando a literatura sobre este tema. Jovens cuja situação laboral é mais vulnerável apresentam uma maior dependência do suporte social da família e têm maiores dificuldades em serem socialmente reconhecidos como adultos independentemente da idade biológica.Changes in the employment pattern, enhanced by labour market flexibility have resulted in a proliferation of non-standard employment contracts, commonly perceived as precarious and instability enhancers. Furthermore, there are some concerns regarding the labour market difficulty in absorbing the existing labour force, which consequently leads to a growth in unemployment rates, particularly challenging for young people that become more vulnerable due to their sensitive life stage, marked by socially expected transitions and self-projections about their own future. Youth unemployment and precarious work have become an increasing problem with significant social repercussions, contributing to the development and maintenance of social inequalities. However, have also a harmful impact on youth’s mental health and psychological well-being. In order to understand if the existence of a gradient in the labour market, based on employment status has an influence on young people’s health, a quantitative study was performed in a sample of 736 individuals aged between 18-34 years old resident in the district of Lisbon. Moreover, 9 exploratory interviews were conducted to understand also the value that individuals attribute to work, how they perceive it and how it affects their lives. In addition, we also tried to explore the influence of social support on the young people lives with greater vulnerability. The results show that having a job, regardless of the bond, is associated with better mental health. Nevertheless, being unemployed is associated with reduced levels of mental health and psychological well-being, supporting the literature on this subject. Young people whose employment status is more vulnerable are more dependent on the family’s social support and have greater difficulties in being socially recognized as adults regardless of biological age.N/