Este ensaio objetiva demonstrar algumas incongruências interpretativas com relação ao recebimento da herança trágica. O percurso apresenta uma série de interrogações acerca da incompatibilidade entre trágico, culpa e vicissitudes mundanas. O argumento desenvolvido suspeita da metamorfose orquestrada a partir das interpretações redentoras responsáveis por divulgar a mensagem de ordenamento do mundo. Indica ainda, ao contrário do que pregam as religiões morais, que a potência trágica reside no acesso a um saber específico, diverso daquele conhecimento arquivista e catalogador (domesticado) a respeito dos entes em geral. Enquanto modo de afrontar o desafio sugerimos a hipótese que a tragédia não faz alusão à punição de um contraventor (de pec...