Trabalho, desigualdades sociais e sindicalismo

A área laboral tem vindo, nos últimos anos, a ser fustigada por um vasto conjunto de transformações, no contexto da economia global em que vivemos e sob os efeitos de diversas forças e instituições de âmbito transnacional. Recorrendo a exemplos retirados de estudos empíricos recentes desenvolvidos pelo autor, o presente artigo analisa e discute os processos de mudança em curso, partindo dos problemas ligados ao mundo do trabalho e articulando-os com a questão mais geral das desigualdades e das classes sociais. O principal objectivo é diagnosticar e interpretar criticamente algumas dessas transformações na sociedade portuguesa, mostrando a sua relevância, significado e implicações para o sindicalismo. Assim, após uma reflexão crítica sobre as novas linhas de segmentação do mercado de trabalho e das desigualdades sociais, procura-se apontar um conjunto de questões dirigidas ao campo do sindicalismo, convidando à reflexão e análise crítica das experiências e problemas com que o mesmo se debate.In recent years, the world of labor has been affected by a vast array of changes in the context of the global economy in which we live and under the effects of different transnational forces and institutions. Resorting to examples from recent empirical studies carried out by the author, the present paper analyzes and discusses the ongoing processes of change, starting from problems related to the world of labor and connecting them to the broader issue of inequalities and social classes. The main aim is to make a diagnosis and a critical interpretation of some of those changes in Portuguese society, showing their relevance, significance and implications for trade unionism. Thus, after a critical reflection on the new lines of segmentation of the labor market and social inequalities, the text points to a set of questions concerning trade unionism, offering points for further critical reflection and analysis of the experiences and problems which it currently confronts.Le domaine du travail a été, pendant ces dernières années, fustigé par une vaste ensemble de transformations, dans le contexte de l’économie globale dans lequel nous vivons et sous l’effet de diverses forces et institutions relevant du transnational. En nous appuyant sur des exemples tirés des études empiriques récentes que nous avons développées, l’article présent analyse et discute les processus du changement en cours, partant des problèmes liés au monde du travail et les articulant à la question plus générale des inégalités et des classes sociales. L’objectif principal est de diagnostiquer d’une manière critique certaines de ces transformations dans la société portugaise, en montrant leur importance, leur signification et leurs implications pour le syndicalisme. Ainsi, après une réflexion critique sur les nouvelles lignes de segmentation du marché du travail et des inégalités sociales, nous chercherons à relever un ensemble de questions orientées vers le champ du syndicalisme, en invitant à des réflexions et analyses critiques des expériences avec lesquelles il se débat