O discurso político da agroecologia no MST: O caso do Assentamento 17 de Abril em Eldorado dos Carajás, Pará

O presente artigo visa debater a agroecologia enquanto discurso político. Parte‑se das pesquisas de Altieri, Nichols, Gliessman, Gúzman, Cristoffoli, entre outros autores, para evidenciar as trajetórias da agroecologia enquanto ciência e as tentativas da sua materialização em áreas da reforma agrária. Após essas perspectivas, aborda‑se a agroecologia na prática política do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem‑Terra, tanto no que se refere às suas experiências‑modelos como ao discurso político que assume, em contraposição com o modelo hegemônico da Revolução Verde. Por fim, debruça‑se sobre o caso do Assentamento 17 de Abril em Eldorado dos Carajás, ressaltando como esse discurso político representa uma importante estratégia do MST em relação a uma mudança de paradigma na mentalidade dos assentados e das lideranças locais do movimento, destacando ser esse um importante passo para a materialização de produções agropecuárias alternativas nas áreas de reforma agrária no Brasil.This article aims to discuss agroecology as political discourse. It draws on research by Altieri, Nichols, Glisseman, Gúzman and Cristoffoli, amongst others, in order to show the trajectories of agroecology as a science and the attempts to establish agroecology in land reform areas. This is followed by an analysis of agroecology in the political practice of the MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – Landless Workers’ Movement), from model experiments to political discourse to counteract the hegemonic model of the Green Revolution. Finally, it focuses on the case of the 17 April Settlement in Eldorado dos Carajás, emphasising how the political discourse of agroecology represents an important strategy in the MST in terms of a paradigm shift in the mindset of the settlers and local leaders of the movement, highlighting this as a major step towards establishing alternative mixed farming production in land reform areas in Brazil.Le présent article a pour but de débattre de l’agro‑écologie en tant que discours politique. Nous partons des recherches de Altieri, Nichols, Glisseman, Gúzman, Cristoffoli, entre autres auteurs, pour mettre en évidence les trajectoires de l’agro‑écologie en tant que science et les tentatives de matérialisation de l’agro‑écologie dans des domaines de la réforme agraire. Après ces perspectives, nous analyserons l’agro‑écologie dans la pratique politique du MST (Mouvement des Travailleurs Ruraux Sans Terre), allant de leurs expériences modèle jusqu’à leur discours politique en opposition au modèle hégémonique de la Révolution Verte. Enfin, nous nous pencherons sur le cas de l’Accord 17 Avril à Eldorado dos Carajás, en soulignant combien le discours politique de l’agro‑écologie représente une stratégie importante du MST par rapport à un changement de paradigme dans la mentalité des signataires de l’accord et des directions locales du mouvement, en mettant en relief qu’il s’agit là d’un pas important vers la matérialisation de productions agricoles et forestières alternatives dans les zones de réforme agraire au Brésil