O novo público da esfera pública e a reconceptualização do consenso como topos da comunicação pública

Para discutir o papel da comunicação pública como elemento de articulação dos públicos na esfera pública, recorre-se aqui à teoria filosófica da ética da discussão, constituída na base dos conteúdos morais gerados espontaneamente a partir da experiência comum de um mundo da vida, a nível das relações sociais quotidianas. O público assim entendido é o sujeito colectivo com capacidade de mobilização desta esfera pública, numa perspectiva inclusiva, democrática e aberta à participação de todos nos processos de comunicação. A construção de entendimentos comuns é o seu desiderato, de que o consenso é paradigma – pelas garantias de solidez (em termos racionais) que oferece. Importa, porém, não confundir consenso com mero assentimento – perante um qualquer sentido que se apresente como indiscutível ou irreversível. O propósito do presente artigo é esclarecer as condições desta dinâmica comunicacional: será ela ainda possível num mundo cada vez mais complexo e pluralista como o nosso, haverá aqui ainda lugar para uma sociedade civil verdadeiramente autónoma, activa e vibrante?To discuss the role of public communication as an element that articulates the publics on the public sphere, here we refer to the philosophical theory of the ethics of discussion, based on the moral content generated spontaneously from the common experience of the lifeworld of everyday social relations. The public, in this sense, is the collective subject that has the ability to mobilize the mentioned public sphere, in an inclusive, democratic and open perspective of participation in the communication processes. Their goal is setting up common agreements, of which consensus is the paradigm – due to the guarantees (in rational terms) offered. However, we should not confuse consensus with a mere assent – with any content presented as undisputed or irreversible. The aim of this article is to clarify the conditions for such communication dynamics: is it still possible in a world increasingly complex and pluralistic as the present, will there be room here yet for a truly independent, active and vibrant civil society