A violência vista de perto: os limites da documentação da dor, da denúncia e da demanda por justiça

Este artigo trata da documentação fotográfica do cadáver de uma criança assassinada por policiais em uma favela do Rio de Janeiro, e dos acontecimentos que sucederam sua divulgação. Produzido por um jovem fotógrafo morador da mesma favela, Naldinho Lourenço, a documentação e as reações a ela apontam para as dinâmicas e os limites do registro fotográfico da violência policial por fotógrafos populares. O fotógrafo é parte do Imagens do Povo, uma agência de fotógrafos que visa produzir imagens positivas das populações pobres, a fim de combater estereótipos enfrentados por tal população, relacionados ao tráfico de drogas. Configurando uma exceção à produção do grupo, tal documentação gerou ameaças ao fotógrafo e fez com que o grupo ponderasse sobre as possibilidades, as necessidades e as consequências da realização desse tipo de registro. Através de discursos, imagens e eventos, reflito sobre a autorrepresentação fotográfica de moradores de favelas no Rio.This article discusses a photographic documentation of the corpse of a child murdered by police officers in a favela in Rio de Janeiro, and the events that followed its publication. Produced by a young photographer living in the same favela, Naldinho Lourenço, the documentation of the murder and the reactions to it point to the dynamics and limits of the photographic record of police violence by amateur photographers. Naldinho belongs to the photo agency “Imagem do Povo”, which seeks to produce positive images of marginalized people in order to the combat the stereotypes they face. Naldinho’s work was an exception to the agency’s production, and provoked threats against him, making the agency ponder on the possibilities, the needs, and the consequences of such records. Combining quotes, images and accounts of events, the author reflects on the photographic self-representation of slum dwellers in Rio