Vivendo com Psicose: O Caminho do Mindfulness e da Compaixão

Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da EducaçãoVários estudos têm verificado a eficácia de práticas baseadas no mindfulness e na compaixão, com resultados promissores tanto em variáveis psicopatológicas como em medidas de recuperação. No entanto, daquilo que temos conhecimento, nenhum outro estudo se focou na opinião dos pacientes sobre estas práticas específicas, o que, à luz do modelo da recuperação, é de extrema importância. Desta forma, este estudo experimental teve como objectivo perceber: 1) se pacientes com psicose consideram esta abordagem útil, tentando avaliar a sua opinião sobre estas práticas específicas; 2) a aquisição de capacidades de mindfulness e da compaixão durante e após os exercícios; 3) o impacto nas medidas relacionadas com a recuperação (bem-estar, afecto positivo e negativo). Este estudo consistiu em quatro sessões presenciais, num tempo total de dois meses, com intervalos de uma semana (da sessão 0 à 1), duas semanas (da sessão 1 à sessão 2) e quatro semanas (da sessão 2 à 3). Para além disso, este estudo teve uma abordagem multi-método. Recolhemos medidas dos processos de mudança, bem-estar e afecto (EADS-21; SMQ; MHC-SF; SELFCS) antes e após a prática de mindfulness (duas semanas de prática diária), e antes e após as práticas de mindfulness e da compaixão (quatro semanas de prática diária) assim como registos diários de emoções positivas e negativas. Na última sessão utilizámos uma entrevista semi-estruturada para explorar a opinião dos participantes sobre estas práticas. Considerando os resultados obtidos ao nível qualitativo e ao nível quantitativo, é possível observar que os pacientes adquiriram qualidades de mindfulness e da compaixão importantes ao longo das sessões, o que parece ter contribuído para um aumento do bem-estar psicológico e menos sintomas depressivos. Em conclusão, os pacientes consideraram as práticas de mindfulness e da compaixão úteis e benéficas.Several studies have tested the efficacy of mindfulness and compassion based practices with promising results both in psychopathology and recovery-related outcomes. However, to our knowledge, no other study had focused on patients’ feedback about these specific practices, which in the light of the recovery model, is of extreme importance. Therefore, this experimental study aimed to understand: 1) whether patients with psychosis consider this approach useful, understanding their feedback on specific practices; 2) the endorsement of mindfulness and compassion skills during and after the exercises; 3) the impact on recovery-related measures (well-being, positive and negative affect). The present study consisted of four presencial sessions, in a range of two months, with intervals of one week (from session 0 to 1), two weeks (from session 1 to 2) and four weeks (from session 2 to 3). Moreover, this study encompassed a mixed method approach. We collected processes of change variables, well-being and affect measures (EADS-21; SMQ; MHC-SF; SELFCS) before and after the mindfulness practice (2 weeks of daily practice), and before and after compassion and mindfulness practices (4 weeks of daily practice) as well as daily records of both positive and negative emotions. In the last session was used a semistructured interview to explore the participants’ opinion about these practices. Considering the obtained results at a qualitative and quantitative level, it is possible to observe that patients acquired important compassion and mindfulness qualities throughout the sessions, which seemed to contribute to an increased psychological well-being and lower depressive symptoms. In conclusion, patients considered mindfulness and compassion practices useful and beneficial