Relação e Adequação do perfil terapêutico, co-morbilidades e hábitos pessoais com eventos disrítmicos em doentes com Síndrome de Brugada portadores de CDI

Trabalho Final do Mestrado Integrado em Medicina apresentado à Faculdade de MedicinaIntrodução: A síndrome de Brugada é uma doença hereditária associada a um aumento do risco de morte súbita com possível necessidade de colocação de cardioversor-desfibrilhador implantável (CDI) de forma a interromper os eventos disrítmicos. Os nossos objetivos foram identificar possíveis desencadeadores de terapias apropriadas do CDI em doentes com síndrome de Brugada e avaliar se o perfil terapêutico passado e atual é adequado à doença.Métodos: Um total de 30 doentes com síndrome de Brugada submetidos a implantação de CDI e seguidos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) participaram neste estudo. Foi recolhida informação acerca da história da sua doença, eventos cardíacos anteriores, comorbilidades, medicação atual e passada e atividade física. O follow-up médio foi de 5.8 ± 5.3 anos. O CDI foi interrogado e foram registados os eventos arrítmicos e as terapêuticas administradas. Por fim, comparámos a coorte que recebeu terapias apropriadas do CDI com os restantes doentes para tentar identificar eventuais ligações entre as diferentes variáveis clínicas e disritmias ventriculares potencialmente fatais.Resultados: Mais de metade dos doentes (53.3%) tomou pelo menos um fármaco não recomendado e 16.7% receberam terapias apropriadas do CDI, com uma incidência anual a longo prazo de 4.0%/ano. Foi encontrada uma tendência para maior ocorrência de terapias apropriadas do CDI em doentes que tomaram fármacos não recomendados (85.7% vs 45.5%, p = 0.062). Nos doentes com diabetes mellitus tipo 2 a ocorrência de terapias apropriadas foi significativamente superior à dos não diabéticos (33.3% vs 0.0%, p = 0.006).Discussão e Conclusão: Este estudo revelou que ainda não existe o devido conhecimento das restrições farmacológicas impostas pela doença. Um grande número de doentes tomou pelo menos um fármaco não recomendado e este grupo apresentava uma tendência para receber mais terapias apropriadas do CDI. A diabetes mellitus tipo 2 também parece estar associada a maior ocorrência de disritmias ventriculares.Introduction: Brugada Syndrome is a hereditary disease linked with an increased risk of sudden death that may require an implantable cardioverter-defibrillator (ICD) in order to halt the malignant arrhythmic events. Our objectives were to identify possible triggers for appropriate ICD therapies in patients with Brugada Syndrome, focusing on their past and current therapeutic profile.Methods: Thirty patients with high-risk Brugada syndrome, with ICD implanted at the Coimbra Hospital and University Centre, were enrolled. Patients were questioned about their Brugada Syndrome history, previous cardiac events, comorbidities, present and past medication and physical activity. Patients were followed-up during 5.8 ± 5.3 years. The ICD was interrogated and arrhythmic events and device therapies were recorded. The cohort who received appropriate ICD therapies was compared with the remaining patients to determine the potential link between clinical variables and potentially fatal arrhythmic events.Results: More than half of the patients (53.3%) took at least one non-recommended drug and 16.7% received appropriate ICD therapies, with a long-term rate of 4.0%/year. There was a tendency for more appropriate ICD therapies in patients who took unsafe drugs (85.7% versus 45.5%, p = 0.062). Additionally, type 2 diabetic patients had significantly more appropriate therapies than their counterparts (33.3% vs 0.0%, p = 0.006).Discussion and Conclusion: This study revealed that the medical community is still unaware of the pharmacological restrictions imposed by Brugada Syndrome. Patients who took non-recommended drugs and patients with type 2 diabetes mellitus seem to have a higher risk of ventricular arrhythmic events