Direito ou responsabilização das famílias no acompanhamento hospitalar?

Este estudo resulta de experiência empírica na residência multiprofissional no Hospital Universitário de Brasília – HUB, na clínica médica, onde surgem demandas levadas ao serviço social pela equipe de enfermagem, referidas ao acompanhamento diário da internação do usuário oncológico adulto. São abordadas, segundo a perspectiva de profissionais da equipe de enfermagem, situações de acompanhamento da internação dos usuários oncológicos, com ênfase nos aspectos determinantes da inserção de tal acompanhamento. O estudo foi realizado no período 2013-2014, com base no método qualitativo de pesquisa e uso de múltiplos instrumentos de coleta de dados: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, entrevista semiestruturada, observação participante e diário de campo. Os resultados permitiram evidenciar questões referentes à situação de acompanhamento de usuários, durante a internação hospitalar: lacunas conceituais sobre o acompanhamento como ação do processo de assistência ao usuário internado; falta de normativas regulamentadoras da situação, condições e categorias de acompanhamento de usuários durante a internação; desdobramentos da falta de normativas de instituição e institucionalização do acompanhamento do usuário internado, com efeitos na responsabilização familiar pelo cuidado; inexistência de estudos com enfoque na institucionalização legal-normativa do acompanhamento, na instância do Sistema Único de Saúde - SUS; e condições inadequadas de trabalho profissional em saúde, as quais acentuam os aspectos citados. A regulamentação normativo-legal da situação de acompanhamento do usuário internado, com base em uma perspectiva crítica de direito social, responsabilidade do Estado e não intensificação da responsabilização familiar no provimento do bem-estar, é identificada como alternativa com potencial de reduzir as lacunas apontadas e favorecer melhores condições de saúde e qualidade de vida do usuário de serviços hospitalares do SUS