Avaliação da atividade antimicrobiana de extratos etanólicos de Orthostichella rigida (Müll. Hal.) B.H. Allen & Magill (Bryophyta) frente a micro-organismos patogênicos

O uso de plantas medicinais no tratamento de doenças é uma estratégia antiga utilizada por praticamente todas as populações do mundo. Diversos extratos de plantas medicinais têm efeitos antimicrobianos, isso por que existe uma vasta gama de compostos orgânicos naturais de origem vegetal, produtos do metabolismo secundário, que são biologicamente ativos. A pesquisa de produtos naturais de origem vegetal que tenham ação antimicrobiana se justifica uma vez que o uso indiscriminado de antibióticos tem contribuído para o surgimento de micro-organismos resistentes, principalmente os causadores de doenças com alta mortalidade. Os táxons mais investigados são as angiospermas, enquanto poucos dados estão disponíveis atualmente sobre outros grupos de plantas, incluindo-se as briófitas. Representante deste grupo, Orthostichella rigida (Müll. Hal.) B.H. Allen & Magill é um musgo da família Neckeraceae que, no Brasil, possui distribuição restrita ao Domínio da Mata Atlântica, o qual apresenta boa parte do seu território na zona costeira. Apesar de existirem alguns estudos que versem sobre o uso de briófitas como fonte de compostos bioativos, há a necessidade de novas pesquisas que visem a elucidação da existência e potencialidades de tais compostos bioativos, especialmente no Brasil. Desta maneira, este trabalho teve como objetivo a elucidação das potencialidades antimicrobianas dos extratos etanólicos da espécie de musgo Orthostichella rigida, coletada no Litoral Norte do RS, Brasil, perante as principais bactérias patogênicas de origem alimentar Salmonella enterica serovar enteritidis, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes e Escherichia coli, bem como perante os principais patógenos fúngicos responsáveis por micoses oportunistas, Candida albicans e Cryptococcus neoformans, levando-se em consideração a sazonalidade, ou seja, o período da coleta das amostras vegetais, para que se pudesse traçar um perfil, em que definiu o comportamento dos extratos frentes as distintas estações do ano. A atividade antimicrobiana foi determinada a partir da concentração inibitória mínima – CIM e, para tanto, analisou- se a concentração mínima necessária para impedir o crescimento microbiano (ação bacteriostática/fungiostática); e a concentração bactericida/fungicida mínima – CBM/CFM, concentração mínima necessária para que ocorra a morte microbiana (ação bactericida/fúngicida), todos em triplicata. A influência das estações foi determinada a partir dos valores absolutos de CIM e CBM/CFM e a partir das médias das triplicatas destes mesmos resultados. Foram observadas atividades antimicrobianas substanciais para os extratos etanólicos de O. rigida, uma vez que as atividades bacteriostática e bactericida ocorreram em concentrações que variaram entre 19,53 μg/mL - 156,25 μg/mL entre todos os micro-organismos avaliados. Os extratos do verão, outono e inverno foram os que obtiveram os menores valores absolutos de CIM e CBM/CFM, logo as melhores atividades antimicrobianas para todos os micro-organismos testados. A primavera apresentou uma menor atividade antimicrobiana quando comparada às outras estações (P<0,05). O. rigida é uma espécie vegetal ainda não referenciada em publicações científicas de interesse biotecnológico clínico, mas que demonstrou ter potencial promissor para novos estudos e possível aplicação como antimicrobiano de origem natural.The use of medicinal plants in the treatment of diseases is an old strategy used by practically all the populations of the world. Several extracts of medicinal plants have antimicrobial effects, that is why there is a wide range of natural organic compounds of vegetal origin, products of the secondary metabolism, that are biologically active. The research of natural products of plant origin that have an antimicrobial action is justified since the indiscriminate use of antibiotics has contributed to the emergence of resistant microorganisms, mainly those causing diseases with high mortality. The most investigated taxa are the angiosperms, while few data are currently available on other groups of plants, including bryophytes. Representing this group, Orthostichella rigida (Müll. Hal.) B.H. Allen & Magill is a moss from Neckeraceae family that, in Brazil, it has a restricted distribution to the Domain of the Atlantic Forest, which has a large part of its territory in the coastal zone. Although there are some studies about the use of bryophytes as a source of bioactive compounds, there is a need for new research aimed at elucidating the existence and potentials of such bioactive compounds, especially in Brazil. The objective of this work was to elucidate the antimicrobial potentials of the ethanolic extracts of the Orthostichella rigida moss species, collected on the north coast of RS, Brasil, against the main foodborne pathogenic bacteria Salmonella enterica serovar enteritidis, Staphylococcus aureus, Listeria monocytiogenes and Escherichia coli, as well as against the main pathogens fungi responsible for opportunistic mycoses, Candida albicans and Cryptococcus neoformans, taking into account the seasonality, that is, the period of collection of the plant samples, so that a profile could be drawn, in which it defines the behavior of the extracts fronts to the different seasons. The antimicrobial activity was determined from the minimum inhibitory concentration - MIC and, for this purpose, the minimum concentration required to prevent microbial growth (bacteriostatic action) was analyzed; and minimum bactericidal concentration - CBM/CFM, minimum concentration required for microbial death (bactericidal action), all in triplicate. The influence of the stations was determined from the absolute values of MIC and CBM/CFM and from the means of the triplicates of these same results. Substantial antimicrobial activities were observed for the ethanolic extracts of O. rigida as bacteriostatic and bactericidal activity occurred in concentrations ranging from 19.53 μg/mL - 156.25 μg/mL among all microorganisms evaluated. The extracts from summer, autumn and winter were the ones that obtained the lowest absolute values of MIC and CBM/CFM, thus the best antimicrobial activities for all microorganisms tested. The spring presented a lower antimicrobial activity when compared to the other seasons (P