Resistência, transgressão e ousadia : táticas, redes e pertenças de pessoas em situação de rua

Neste trabalho de conclusão de curso, apresento a Educação como um instrumento transformador e por vezes transgressor; como tal, pretendo sensibilizar o olhar pedagógico para as diversas ramificações de ação na Educação, destacando, então, uma dessas ramificações, que visibiliza sujeitos quase apagados da nossa história e contempla os vínculos entre a Educação, a periferia e as ruas — essas mesmas que, para além de meras passagens, são a morada de uma população inteira. População que respira, se constrói, se produz e resiste, compondo uma imensa pluralidade de ser gente e de estar nas ruas. Nessa perspectiva, realizei uma pesquisa de cunho qualitativo com estudantes em situação de rua no município de Porto Alegre/RS, matriculados na totalidade 2 da Educação de Jovens e Adultos em uma Escola Municipal. O objetivo da pesquisa é conhecer as táticas (CERTEAU, 1998) e redes (REQUENA SANTOS, 1994) produzidas por pessoas em situação de rua, problematizando as articulações estabelecidas com práticas escolares, entendendo e acentuando a importância do saber popular na construção do saber erudito (BRANDÃO, 1996). Para essa investigação, explorei duas técnicas distintas, mas complementares: a observação, que permite estar em um dos contextos de ação — a sala de aula — e as entrevistas narrativas, que destacam, através de diversos olhares, diferentes significações e produções de mundo. Nessas produções, ressalto a transitoriedade desses sujeitos nos e entre os lugares dos quais estão se apropriando, tornando-os espaços significativos e de resistência popular