Histórias de parteira

A gravidez e parto foram tratadas, ao longo da história, como questões exclusivamente femininas. A institucionalização de práticas médicas, a partir da modernidade, redefiniu os modos de vida tradicionais onde o saber popular e a transmissão do saber popular, a herança de mãe para filha e a mulher como protagonista da cena do parto das parteiras, foram substituídos pelo saber científico médico. A hegemonia médica cresceu ao mesmo tempo em que o saber das parteiras tornou-se cada vez mais excluído. O estudo pretende buscar momentos históricos pouco esclarecidos e resgatar parte história da Enfermagem Obstétrica no Rio Grande do Sul, através da História Oral como opção metodológica. Este tema será abordado a partir da história de vida de uma parteira da metade do século XX: a forma como escolheu a profissão, os fatos que marcaram a vida da parteira, incluindo o trabalho, as práticas obstétricas, a religião e sua relação com os outros profissionais. Ao longo do estudo foi possível perceber os elementos que influenciaram na retirada gradual da parteira da cena do parto, criando um parto ‘patologizado’ e a conseqüente necessidade da presença do médico durante as ocasiões. Da mesma forma, permitiu a possibilidade de pensar outras maneiras de transformar o mundo começando pela mudança na forma pela qual a ele viemos. As disputas pelo mercado de trabalho e o fortalecimento de uma categoria profissional devem levar em conta, antes de tudo, as mãos que aparam e que acolhem ao mundo, a vida aqui representada pelo ato de nascer