Corpos e masculinidades ursinas nos quadrinhos gays (Ber the bear)

Este trabalho discute construções de corpos e masculinidades a partir de histórias em quadrinhos homossexuais criadas no Brasil, mais especificamente, aquela que representa os ursos – homens gordos, peludos e gays – através da análise do único exemplar em papel da revista Ber the Bear. Para tanto, me aproximo do campo dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero, numa perspectiva pós-estruturalista. As histórias em quadrinhos, tomadas como pedagogia cultural, ensinam, produzem, representam, potencializam corpos, (re)produzindo normas sociais e valores estéticos. Também a sexualidade: é produzida e regida por verdades e valores morais e que tomada como dispositivo, dita aquilo que deve ser praticado, instituindo subjetividades e, portanto, modos individuais referentes aos prazeres e ao corpo. Os quadrinhos com homens gordos, peludos e gays – representados na revista pelo protagonista Ber – são, para muitas pessoas, considerados marginais, “sujos”, independentes, entre tantas outras adjetivações que se possa dar a algo considerado “diferente”. Diante disto, levanto algumas indagações, sem a pretensão de trazer „”a resposta”, “a verdade”: Como se circunscrevem corpo/os e masculinidade/es dos ursos, nessas histórias em quadrinhos? Que posições ocupam, esses corpos, na sociedade vigente, demarcada por certa norma corporal e comportamental homossexual, ditada pela hegemonia dos corpos sarados e depilados? Quais são as posições de sujeito que se viabilizam para os ursos nessas tirinhas? Busco examinar corpos e masculinidades, como possibilidades de encontro e de vida: como forma de resistência; como corpos que disputam e demarcam significados a partir daquilo que é dito como verdadeiro por saberes legitimados