Histórias narradas, fantasias reveladas : os biografemas infantis

Este estudo analisa narrativas escritas infantis, produzidas por alunos de uma turma de terceiro ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública de Porto Alegre, durante o período do meu estágio curricular. A leitura desses textos busca identificar traços das fantasias de escritura e as marcas culturais neles presentes; marcas, estas, materializadas pelos recursos linguísticos escolhidos pelos autores. O corpus está constituído por quarenta textos, os quais se enquadram em um subgênero da narrativa, denominado por Barthes (2005) como biografema. Este trata da escrita de histórias simbólicas de vida, isto é, criam-se cenários, lugares e personagens para uma história factual, já existente, a qual mistura fantasia e veracidade, em um só tempo. Para organizar as significações encontradas na pesquisa, articulando-as com o campo conceitual a partir do qual operacionalizo a análise – os estudos da linguagem –, são apontados os seguintes eixos temáticos: gêneros discursivos: a narrativa e seus subgêneros; o autor e o personagem por Bakhtin e por Barthes. Além dos citados autores, ainda utilizo referenciais de Colomer (2003), Dalla Zen (2006), Rodari (1982) e Held (1980). As análises desenvolvidas comprovam que os textos reverberam a dialogia bakhtiniana. Escrituras que mesclam vidas vividas, vidas recontadas com ricas pinceladas ficcionais nos cenários recriados, no campo semântico acionado para narrar