A ‘Solidão’ na Política Externa Portuguesa no Início da Década de 60: O Caso dos Estados Unidos

A presente comunicação aborda a política externa portuguesa no período que decorre entre 1961 e 1968, ou seja, desde o início da Guerra Colonial em Angola até ao fim do governo de Oliveira Salazar. Neste sentido, procura, num primeiro momento, averiguar a posição de diversos países do mundo ocidental, como a Inglaterra, a França, a República Federal Alemã e a Espanha, face à evolução da política doméstica e ultramarina em Portugal. Dedica, depois, especial atenção ao caso dos Estados Unidos, cuja política para com Portugal durante o período em análise constituiu o tema da tese de doutoramento do autor. No final, esta comunicação argumenta que o tão propalado tópico da “solidão” da política portuguesa nos anos 60 parece não encontrar grande correspondência com a realidade e que, a despeito de algumas manifestações públicas em contrário, Portugal nunca deixou de contar com o apoio fundamental dos seus aliados ocidentais. Mesmo no caso das relações com os Estados Unidos, apesar do conturbado período vivido em 1961, estas nunca se deterioraram ao ponto de fazer perigar a sobrevivência do regime, bem como o seu esforço de guerra nas colónias africanas.This paper examines Portuguese foreign policy during the period from 1961 to 1968, that is, from the beginning of the Colonial War in Angola up until the end of the government of Oliveira Salazar. First, an attempt is made to gauge the position of various western countries such as Britain, France, West Germany and Spain with regard to the evolution of Portuguese domestic and overseas policy. Special attention is then given to the case of the United States, whose policy towards Portugal during the period examined provided the theme for this writer’s PhD thesis. Finally, the argument is put forward that the widely expressed view that ‘Portugal stood alone’ in carrying out its foreign policy in the 1960s seems to be mistaken; despite public criticism of its policy by its western allies, Portugal was never abandoned by them and indeed they provided it with essential support. Neither did relations with the United States, despite the trouble which developed in 1961, deteriorate to the point where the survival of the regime or its war effort in the African colonies were jeopardised