Potencialidades biotecnológicas e funcionais de espécies frutíferas da biodiversidade da região Nordeste.

O Brasil é um dos países mais privilegiado em biodiversidade em todo o mundo. Com distintos ecossistemas distribuídos nas suas diferentes regiões, o país abraça um grande número de espécies nativas, inclusive na Região Nordeste, ainda pouco exploradas. Diante disso, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a composição e potencialidades nutricionais e funcionais de quatro espécies frutíferas da Biodiversidade da Região Nordeste do Brasil, incluindo o araçá (Psidium sobralianum Landrum & Proença), bacuri (Platonia insignis Mart.), cajuí (Anacardium spp.) e mangaba (Hancornia speciosa Gomes). De cada fruto estudado foram analisados três lotes provenientes de diferentes localidades da região Nordeste, sendo realizados ensaios de determinação das características físico-químicas, teor de macro e micronutrientes, determinação de compostos bioativos e frações de polifenóis, bem como avaliação da atividade antioxidante. Adicionalmente, avaliou-se a influência do araçá na proteção contra lesão gástrica induzida por etanol. Os frutos estudados apresentaram caráter ácido e teores significativos de nutrientes, destacando-se o araçá que foi o fruto que mais contribuiu para a adequação da ingestão diária recomendada de ferro (11% das IDRs). O bacuri se destacou pela maior quantidade de lipídios (2,68%±0,05), com maior predomínio do ácido oleico (4,28 mg/g) . No geral, os frutos em estudo apresentaram baixo conteúdo de antocianinas, flavanóides amarelos e carotenoides. Entretanto o cajuí demonstrou ser uma excelente fonte de vitamina C para a alimentação (132,27mg/100 g). Dezesseis (16) frações de compostos fenólicos dos diferentes frutos foram identificados e quantificados sendo o araçá o fruto que apresentou maiores teores de fenólicos da classe dos flavonoides, em especial a isoquecetrina (38,34 µg/g), miricetina (18,31 µg/g) e quercetrina (13,40 µg/g). Além do mais, este fruto apresentou alto teor de fenólicos totais (1123,33mg EAG/100g) e elevada capacidade antioxidante in vitro (43,36µM Trolox/g). As lesões gástricas foram significativamente melhoradas com administração via oral de araçá por promover aumento significativo nos níveis de glutationa (91,62±65,54 µg/g de tecido) e diminuição de malondialdeído (5168,33±2676,39 nmol/mg de tecido) na mucosa gástrica. O conhecimento do potencial dessas espécies subutilizadas permite o acesso a novos mercados com produtos diferenciados do ponto de vista nutricional e funcional na indústria de alimentos, farmacêutica e nutracêutica, em que se destaca o araçá que demonstrou expressiva atividade antioxidante in vitro e in vivo.Tese (Doutorado em Biotecnologia) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. Orientador: Profº. Dr. Raimundo Wilane de Figueiredo. Co-orientador: Profº. Dr. Paulo Henrique Machado de Sousa