Algumas características ecológicas e silviculturais do vassourao branco (Piptocarpha angustifolia Dusén)

Com o intuito de estudar as características ecológicas e silviculturais do Vassourão-branco (Piptocarpha angustifolia Dusén) foram realizadas viagens pela região sul do Brasil e coletado material da espécie para observação no laboratório. Nestas viagens foi constatado que a Piptocarpha angustifolia ocorre quase sempre em associação com o Pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia (Bert.) O. Ktze.) ou em áreas onde anteriormente existiam pinheiros. O exame de mapas fitogeográficos e meteorológicos mostrou que a Piptocarpha angustifolia ocorre em regiões onde a temperatura média anual é inferior a 10ºC, a temperatura média do mês mais frio é inferior a 13º C e a temperatura mínima absoluta é superior a -10ºC. A precipitação pluviométrica da região não é fator limitante. Não foi constatada uma preferência por determinados tipos de solos ou materiais de origem destes. Apenas a drenagem do solo deve ser boa. Durante as observações de campo também foi constatado que a altitude mínima para a ocorrência da espécie é de 400 metros. Fitossociológicamente esta espécie e um componente da associação florestal onde predomina a Araucaria angustifolia e a Imbuia (Ocotea porosa), mas sua maior predominância esta nas matas secundárias desta formação, ao lado da Bracatinga (Mimosa scrabella), da Canela-guaica (Ocotea puberula) e do Vassourão preto (Vernonia discolor). A coleta de material botânico evidenciou o maior problema para a reprodução da espécie, que está na pequena produção de sementes em relação ao número de flores produzidas. Os estudos para chegar às origens destas falhas mostraram que as flores são monóicas monoclinas e actinomorfas, reunidas em média 9 por capítulo, isomorfo. A produção de pólen é abundante e as flores são protandricas, alógamas de polinização entornófila. As sementes são de germinação rápida, não devendo estar a mais de 5 mm de profundidade no solo. As mudas jovens tem características umbrófilas e desenvolvem-se melhor na meia sombra do sub-bosque, como foi constatado mediante testes de mudas no fitotron, onde podia ser medida a concentração de CO2 do ar da câmara de medição sob diversas condições ambientais. Estas medições mostraram que a maior assimilação líquida ocorre em torno de 15ºC, com uma luminosidade de saturação de 30 klux. A transpiração estabiliza-se a aproximadamente 20klux, e a maior eficiência do uso da água ocorre com luminosidades entre 16 e 20 klux. As árvores adultas tem características de plantas xerófi1as, adaptando-se muito bem em sítios extremos, para o que desenvolvem um sistema radicular muito agressivo, necessário para o bom suprimento de água. O crescimento da espécie é muito rápido, podendo a mesma atingir em 10 anos um D.A.P. de 20 cm e uma altura de fuste de 7 metros. A máxima produção de madeira medida foi de 0,05 m3/árvore/ano. A madeira tem diversas utilidades indus triais, entre as quais a produção de chapas de madeira compensada e aglomerada são as mais importantes. A observação da ocorrência da espécie em sítios extremos qualifica-a para ser utilizada em programas de combate e prevenção da erosão, não necessitando de preparos intensivos do solo para seu estabelecimento. A formação de um sub-bosque sob suas copas indica a possibilidade de usá-la como cobertura para plantios de espécies florestais intolerantes à radiação solar intensiva, como a Imbuia, a Araucaria e outras