Efeito da suplementação com óleo de peixe em diferentes momentos da maturação do sistema nervoso

Orientador: Luiz Cláudio FernandesCoorientadora: Katya NaliwaikoMonografia (Bacharelado) - Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Biológicas. Curso de Graduação em Ciências BiológicasResumo : Ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) são representados por dua famílias, ômega 3 (n-3) e ômega 6 (n-6),diferenciam-se devido a localização de sua primeira dupla ligação ao longo da cadeia,são essenciais ao organismo e não podem ser sintetizados pelos mamíferos. Ácido linoléico é o precursor de outros ácidos graxos n- 6 como o ácido araquidônico, do mesmo modo a família n-3 possui precursor, ácido a-linolênico, que sintetiza ácido docosahexaenóico (n-3, DHA) e o ácido eicosapentaenóico (EPA,n-3).A dieta ocidental é deficiente em ácidos graxos n- 3, que pode ocasionar falhas durante o desenvolvimento neuronal podendo ser refletida nas funções cerebrais (falhas cognitivas e comportamentais). Atualmente estudos ressaltam a importância de mulheres grávidas e lactantes possuírem uma dieta rica em ácidos graxos n-3, pois durante o último trimestre de gestação e os primeiros 18 meses pós-nascimento, ocorre desenvolvimento significativo do cérebro, sendo primordial a incorporação de DHA. Nos últimos anos tem-se dado grande importância aos AGPI, preferencialmente EPA e o DHA, sendo utilizados na prevenção e tratamento de diversos transtornos neurológicos como depressão, esquizofrenia e doença de Alzheimer. Estudos relacionam a depressão (ou risco) com a baixa ingestão de peixe. Nosso estudo verificou o potencial efeito antidepressivo do óleo de peixe, composto rico em ácidos graxos n- 3, EPA e DHA, utilizando o teste de natação forçada, modelo animal para verificar o efeito antidepressivo de substancias. Ratos Wistar foram oralmente suplementados com 1,0 g/kg/dia de óleo de peixe (OP), ou 1g/kg/dia de gordura de coco (GC) ou sem suplementação (grupo controle (C)), nos seguintes intervalos do desenvolvimento: 1) gestação e amamentação (42 dias); 2) pós-desmame (21 até 90 dias); 3)adulto (de 60 á 90 dias de idade) e 4) intervalo total (da gestação à idade adulta). Após o teste foram coletadas amostras de tecido cerebral e o perfil lipídico foi avaliado por cromatografia líquida de alta performance (HPLC). O efeito antidepressivo foi identificado nos intervalos : 1 (gestação e amamentação) (ANOVA 4.84; p< 0.05); 2 (pós-desmame) (ANOVA 2.48, p< 0.05) e 4 (intervalo total) (ANOVA 9.64; p< 0.05). O teste de Pearson indicou correlação apenas entre os intervalos 1 e 4 (r = 0, 64; p< 0.05) e embora haja efeito antidepressivo no intervalo 2, não existe correlação com o efeito encontrado nos intervalos 1 e 4. Identificamos ainda aumento na concentração de DHA no tecido nervoso dos animais do intervalo 4 (DHA (OP- 38,95 + 0,8; GC- 4,28 + 0,2; C- 4,3 + 0,3)), mas não no intervalo 1(DHA (OP-5.28 + 0,4; GC- 5.45 + 0,3; C- 5,93+ 0,2) , sugerindo que devido interrupção da suplementação, houve substituição deste AGPI por outros presentes na dieta. Nossos resultados indicam que a suplementação apenas durante o período mais crítico do desenvolvimento apresentou eficiência similar àquela do intervalo total. A presença de efeito comportamental após interrupção da suplementação pode ser atribuída ao denominado efeito residual, o que explica a correlação entre os resultados das fases 1 e 4 e exclui as fases 2 e 3