Câncer bucal e lesões potencialmente malignas em pacientes com mais de 45 anos atendidos na campanha de prevenção do câncer bucal

O desenvolvimento do câncer bucal ocorre em decorrência da exposição prolongada a fatores de risco, como o tabaco, o álcool e a radiação ultravioleta. Esses fatores atuam como carcinógenos e sua ação requer algumas décadas para que as lesões se tornem clinicamente evidentes. O tabaco é responsável por mais de 90% das neoplasias bucais em homens e confere elevado risco para o desenvolvimento de câncer, particularmente em assoalho de boca. O uso simultâneo de tabaco e álcool multiplica os riscos e aumenta a incidência de lesões potencialmente malignas. A maioria dos pacientes com câncer são homens, embora a incidência em mulheres tenha aumentado progressivamente no mundo todo. Assim, tem sido consenso na literatura que a população alvo para o desenvolvimento do câncer é composta por homens, com mais de 45 anos expostos a algum fator de risco. apresentar a incidência de câncer e lesões potencialmente malignas em pacientes com mais de 45 anos examinados na campanha de prevenção do câncer bucal em 2004. foi instalado um consultório odontológico na FACIRA (Feira Agro Comercial e Industrial de Araraquara) para realização de exames bucais preventivos. Inicialmente os pacientes foram submetidos a entrevista para levantamento dos fatores de risco e posteriormente foram examinados clinicamente por alunos do 8o. semestre do curso de Odontologia e por estagiários e bolsistas supervisionados por docentes da disciplina de diagnóstico bucal da F.O.Ar.-UNESP. Todas as informações e achados clínicos foram registrados em ficha clínica desenvolvida para esse fim. foram analisadas 220 fichas de uma amostra inicial de 422 pacientes examinados, sendo 110 de pacientes com mais de 45 anos. Como controle foram selecionadas aleatoriamente 110 fichas clínicas de pacientes com menos de 45 anos. Observou-se entre os pacientes com mais de 45 anos distribuição proporcional de homens e mulheres, havendo marcante predomínio de casados (74,54%). 17,27% fumavam e 38,18% faziam uso de bebidas alcoólicas. Das 85 lesões encontradas, 36,47% eram potencialmente malignas, tendo sido diagnosticado um carcinoma de células escamosas em lábio. As lesões não potencialmente malignas totalizaram 25,88%, sendo mais prevalentes a Candidose (16,47%) e a Hiperplasia Reacional (7,05%), ambas relacionadas ao uso de próteses. Conclusão: em concordância com a literatura mundial, verificamos elevados índices de lesões potencialmente malignas em pacientes com mais de 45 anos. Isto demonstra o alcance preventivo desta campanha realizada anualmente há 13 anos. Por outro lado, concluímos que o índice de exames clínicos em pacientes com mais de 45 anos precisa ser aumentado, direcionando cada vez mais os esforços preventivos para a população alvo