Aquicultura atual no Semiárido.

Pode parecer contraditório falar de aquicultura nas áreas secas do Nordeste, mas a realidade é que os grandes reservatórios e lagos encontrados na região viabilizam o desenvolvimento atividade de forma sustentável. A constatação dessa viabilidade é que promove o empenho da Embrapa Semiárido na geração de conhecimentos e de tecnologias que impactem a geração de renda e qualidade de vida de piscicultores e pescadores e contribuam para a construção de políticas públicas que ampliem a participação desse segmento na economia regional. A maioria dos piscicultores, principalmente os pequenos, que são em maior número, são ex-pescadores ou filhos de pescadores que acompanharam o declínio da sua principal fonte de renda, à medida que rios, lagos e barragens da região foram submetidas à exploração não racional. Além disso, a construção de barragens e usinas nos leitos dos rios ao longo dos últimos 50 anos, fez escassear a matéria-prima para o trabalho. Nos últimos anos, a produção de tilápia em tanques-redes tem sofrido perdas severas devido ao período de longa estiagem na região. Os piscicultores seguem trabalhando na atividade, migrando de uma região para outra, na tentativa de sobreviver. Um exemplo é a mudança dos produtores do açude Castanhão, CE, para Paulo Afonso, BA. Contudo, este é um fenômeno que requer avaliação do seu impacto no ambiente natural e, também, nos aspectos sociais e econômicos das regiões afetadas. Por outro lado, nas regiões semiáridas ao redor do Mundo, a carcinicultura encontrase em franca expansão, moldada em um sistema de produção intensivo, baseado na tecnologia de bioflocos. Desenvolvida inicialmente para ser aplicada em pesquisa científica, esta técnica é hoje adotada em larga escala em países como a Tailândia e outros de condições áridas e semiáridas, ao exemplo de México, Peru, Israel e Estados Unidos. A produção em bioflocos tem se mostrado viável para o cultivo de tilápias e camarões, com as vantagens de aumento da produtividade da água e controle sanitário no manejo. Além disso, não interfere nos recursos hídricos externos e utiliza água salobra que não teria utilidade para agricultura, dessedentação animal ou uso doméstico. Desta forma, é um sistema altamente promissor para o semiárido brasileiro. Este fascículo da série Cadernos do Semiárido apresenta um panorama atual e potencial da produção aquícola na região com o intuito de mostrar a dinâmica dessa atividade, mesmo durante um período de longa estiagem e apresentá-la como uma relevante oportunidade a ser aproveitada no Semiárido brasileiro