Valores e deontologia docente. Um estudo empírico

Este artigo tem origem numa investigação mais ampla 1 que pretende contribuir para a compreensão das concepções dos professores do ensino secundário sobre: (a) a profissão docente e as razões para a sua escolha, e (b) os deveres profissionais na relação com os diversos intervenientes no processo educativo. Foi, também, objectivo desta investigação, compreender se, a partir da consciência deontológica pessoal e empírica de cada participante, é possível configurar comportamentos e deveres comuns, passíveis de conduzirem à elaboração de um código explícito e comum a todos os professores. Para dar resposta a estes objectivos optou-se por um estudo qualitativo e exploratório. Assumindo que se pode aceder ao pensamento dos participantes pelo sentido que atribuem à sua acção educativa e pelas convicções que manifestam sobre a profissão, procedeu-se a uma investigação interpretativa, sustentada na procura de sentidos e apoiada na quantificação das unidades de registos identificadas para cada indicador. O instrumento utilizado para a recolha de dados foi a entrevista semi-directiva. A análise de conteúdo dos discursos estruturou-se segundo os processos vertical e horizontal. Da análise dos discursos dos participantes, que aqui se apresenta de forma sintética, emerge a singu­laridade da profissão docente, quer quanto aos objectivos formativos que persegue, quer quanto à postura e rigor profissional que os seus agentes devem demonstrar. O ensino é interpretado como uma actividade eminentemente ética. Desta forma, a constituição de um código deontológico formal é desejada e vista como um meio para: (a) o desenvolvimento da qualidade de serviço prestado, (b) a coesão e dignificação social da classe, e (c) a identificação de um perfil de professor que participe activamente na gestão e produção da ciência da sua arte