O artigo avalia a dimensão autobiográfica, bem como o papel da ficcionalização e da construção de um sujeito identitário, no epistolário de Emily Dickinson, especialmente a partir de referências externas, como os ensaios de Ralph Waldo Emerson e David Thoreau. Leitora de ambos, grandes expoentes do ensaísmo norte-americano do séc. XIX, Dickinson buscou traçar nas suas cartas a amigos e familiares uma espécie de personagem de si mesma, esboçando múltiplas identidades fragmentadas que, no todo, compunham contraditoriamente a configuração de um sujeito único, constituído de elementos advindos da estética romântica (a rebeldia anticlerical, as transgressões sociais, a prática da escrita sem regras, o ser enigmático e solitário), em especial aqu...