Este artigo tem como objetivo trazer uma contribuição para as discussões relativas à eventual tendência do português brasileiro à perda do clítico se em alguns contextos, e ao aumento de seu uso, em outros. De maneira geral, os estudos sobre o assunto concentram sua atenção nos aspectos morfossintáticos relacionados à presença ou à ausência do clítico. Nossa intenção é mostrar que existem também fatores semânticos envolvidos no uso versus não-uso do se que dizem respeito à conceitualização dos eventos que estão sendo codificados linguisticamente. A presença do clítico parece sempre envolver a conceitualização de uma causa indutora do evento, por mais indeterminada que seja. Sendo assim, o aumento da frequência de não-uso do clítico em conte...