O contexto das missões UNAVEM/MONUA

Nas missões da ONU de manutenção de paz em Angola, entre 1991 e 1999, prestaram serviço militares e polícias húngaros. Para além de testemunhos pessoais, o presente livro oferece um relance sobre a história de Angola e sobrea complexidade étnico-religiosa da sua sociedade e cultura, incluindo também os aspectos económicos e geopolíticos da actualidade neste país.Os militares e policiais húngaros que chegaram a Angola cumpriram principalmente tarefas de verifi cação e de observação da paz, e fi zeram-no num contexto assaz puritano e muito diferente quando comparado com as condições húngaras, no que diz respeito ao clima e higiene. Para estes operacionais, o perigo maior, além dos provenientes do próprio exercício da sua atividadede manutenção de paz, foram as doenças contagiosas e tropicais, como a malária, a varíola, a disenteria ou o tifo.É muito provável que a maioria dos leitores nunca tenha ouvido falar sobre as diversas relações que uniram Angola e Hungria, países fi sicamente tão distantes.A título de exemplo: Magyar László, chegado ao território da actual Angola em 1848, como enviado do sultão de Kalabar, acaba por casar um ano depois com uma das fi lhas do rei do Bié. O diário que escreveu informa-nos detalhadamente sobre as suas viagens de exploração e, em reconhecimento do alto valor das suas observações, em 1858 este ‘descobridor’ húngaro foi eleito membro correspondente da Academia das Ciências Húngaras. Desafortunadamente,a maioria dos seus papéis perdeu-se num incêndio em Benguela, pelo que a sua obra persiste apenas de forma fragmentária.Os autores do presente volume foram entrevistando e recolhendo as memórias ainda vivas dos observadores húngaros da ONU, cujas experiências pessoaisem Angola – relatadas nas páginas seguintes – enriquecem os nossos conhecimentos. Ao informar-nos do quotidiano duma missão, os seus valiosos depoimentos tornam próximo e humano o mundo tão distante em quetrabalharam.Constitui um motivo de alegria especial este excelente livro – fruto da colaboração do Centro de Investigação Científi ca do Estado Maior do Exército Húngaro, da Embaixada de Angola e da Universidade ELTE de Budapeste ser agora publicado em português, reforçando as relações de amizade que unem os dois povos. Sinto-me satisfeito e orgulhoso pelo empenho dos soldados húngaros, que souberam contribuir para o estabelecimento da estabilidadee da paz angolanas.